Quem esperava alguma coisa diferente na cobertura da intervenção militar aliada contra Muamar Kadafi quebrou a cara. Os flagrantes de pirotecnia bélica de última geração sobre Trípoli bem poderiam ser arquivos da tomada de Cabul, por exemplo. O efeito é ainda hoje similar ao obtido pelo papel celofane colorido que se esticava diante do tubo de imagem na época da TV preto & branco. Se bem que a 2ª Guerra Mundial rendeu imagens com mais contornos de conflito.
É impressionante como, num tempo em que nada escapa das câmeras que a tudo vigiam, os telejornais não consigam mostrar a estupidez da guerra como ela é, embora tenham avançado tanto na exposição de assaltos a loteria, enforcamento em elevador, explosão no Sol, batida de carro, tsunamis, terremotos, atropelamentos, espancamento de crianças idosos, saidinha de banco e barbárie policial de maneira geral.
Dizem os mais velhos que a última guerra com cobertura pra valer foi a do Vietnã, mas não é justo creditar as atrocidades que a gente não vê mais na TV unicamente ao trauma americano das mortes ao vivo no sudeste asiático. Faltam recursos técnicos à televisão para documentar o fim do mundo da era eletrônica.