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Diversidade e Inclusão

"A estomia salvou minha vida", diz Luciano Szafir

Ator enfrenta sequelas da covid-19 e mostrou em desfile na SPFW a bolsa coletora que usa após uma operação no intestino. "Um estomizado não precisa sofrer privações", diz Szafir em entrevista exclusiva ao blog Vencer Limites.

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Por Luiz Alexandre Souza Ventura
Atualização:

Luciano Szafir desfilou para estilista Walério Araújo e usou uma roupa feita especialmente para o evento, com corte exclusivo para deixar a bolsa à mostra. Foto: Divulgação / Cauê Moreno.


O ator, modelo e empresário São Paulo Fashion Week (SPFW), a bolsa de estomia que usa há quatro meses, desde que passou por uma cirurgia no intestino após contrair duas vezes a covid-19.

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Em entrevista exclusiva ao blog Vencer Limites, Szafir conta por que expôs o instrumento coletor e revela detalhes de sua rotina depois de enfrentar uma grave infecção pelo coronavírus. No Brasil, aproximadamente 120 mil pessoas usam bolsas de estomia.

"Pode acontecer com qualquer pessoa. A cirurgia salvou a minha vida e não há motivo para ter vergonha de usar uma bolsa de estomia. Minha volta às passarelas era a oportunidade para normalizar e fazer entender que um estomizado não precisa sofrer privações", diz.

Estoma é o resultado da operação para remover uma doença e aliviar sintomas. É uma abertura artificial para expelir fezes ou urina, criada a partir de uma extremidade do intestino trazida para a superfície do abdômen.

Estomia é uma deficiência física que exige cuidados específicos, conforme estabelecido no Decreto n° 5 296, de 2 de dezembro de 2004.

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Luciano Szafir usa a bolsa de estomia há quatro meses. Foto: Reprodução.


Szafir decidiu abraçar a responsabilidade de derrubar preconceitos sobre o tema. "Quem não conhece, julga. Mesmo sem querer, tem atitudes preconceituosas. Seja na hora de contratar um funcionário ou se relacionar afetivamente", afirma o empresário.

"Banheiro público para quem usa a bolsa é urgente. Por que é tão difícil isso virar lei em todo o Brasil?", questiona Szafir. O blog Vencer Limites mostrou em reportagem que ir ao banheiro é uma tarefa complexa para ostomizados. Para esvaziar a bolsa de forma higiênica, a cuba sanitária precisa ser elevada, na altura da cintura. Não há regulamentação nacional que garanta essa construção em locais públicos, mas legislações específicas começam a surgir nos estados.

"Ainda não precisei trocar de bolsa na rua, mas se um dia precisar, certamente vou me sentir muito desconfortável. Eu não posso correr o risco de entrar numa cabine fechada, sem ter onde apoiar as coisas ou segurar o espelho na mão, correndo o risco de colocar na posição errada por não estar com o corpo ereto. Então, ter acesso a banheiros públicos exclusivos para quem tem um estoma é essencial", defende.


No banheiro acessível para pessoas ostomizadas, o vaso sanitário para esvaziamento da bolsa de estomia é mais elevado. Crédito: Coloplast. Foto: Estadão


Fragilidade - Luciano Szafir afirma que, no começo, teve medo e dificuldade, mas entendeu que o uso da bolsa de estomia não era uma sentença, uma definição pessoal.

"Foram quase 30 pontos e isso me chocou na hora. A pele ainda estava sensível, semelhante a ralar o joelho. Senti dor até tudo cicatrizar. Na hora de trocar a bolsa, eu tremia, me dava uma agonia. Hoje não me incomoda. Se você acabou de fazer a cirurgia, afirmo que a sensação ruim vai passar. Não deixe afetar sua autoestima. Lembre-se, essa cirurgia salvou a sua vida", diz.

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Vida que segue - Luciano Szafir conta que seu dia a dia com a bolsa de estomia é repleto de atividades. "Continuo namorando minha mulher e fazendo tudo que eu sempre quis. Dá pra jogar bola, vôlei, tomando pequenos cuidados, claro, andar de bicicleta, fazer musculação com peso, correr, caminhar, nadar", relata. "Deixei de fazer apenas alguns esportes de atrito, como o Jiu-Jitsu", comenta.

Personalizado - Na SPFW, o modelo desfilou para o estilista Walério Araújo e usou uma roupa feita especialmente para o evento, com corte exclusivo para deixar a bolsa à mostra. Luciano Szafir se tornou embaixador da Coloplast, empresa especializada em produtos e serviços para pessoas com necessidades íntimas de saúde. A meta da parceria é gerar empatia, acolhimento, conscientização e conhecimento.


"A estomia salvou minha vida", diz Luciano Szafir. Foto: Reprodução.

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Saúde pública - Nesta semana, em 16 de novembro, foi celebrado o Dia Nacional das Pessoas com Estomia. Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil tem aproximadamente 400 mil pessoas ostomizadas e surgem 10 mil novos casos por ano.

Para marcar a data, a Associação Brasileira de Estomaterapia (SOBEST) lançou o 1º Consenso Brasileiro de Cuidado da Pessoa com Estomia. A proposta é melhorar o padrão de cuidado e trazer evidências científicas que ajudem a criar processos de reabilitação, autocuidado e acompanhamento, garantindo qualidade de vida, socialização, segurança e minimizando riscos e complicações (clique aqui para participar).

A Portaria 400, de 16 de novembro de 2009, estabelece as Diretrizes Nacionais para a Atenção à Saúde das Pessoas Ostomizadas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). "Foram quase 30 pontos e isso me chocou na hora. A pele ainda estava sensível, semelhante a ralar o joelho. Senti dor até tudo cicatrizar. Na hora de trocar a bolsa, eu tremia, me dava uma agonia. Hoje não me incomoda. Se você acabou de fazer a cirurgia, afirmo que a sensação ruim vai passar. Não deixe afetar sua autoestima. Lembre-se, essa cirurgia salvou a sua vida", diz Luciano Szafir. Foto: Divulgação / Cauê Moreno.


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