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Diversidade e Inclusão

A música acessível de Luiza Caspary

Artista apresenta segundo trabalho autoral e lança vídeo da música 'Sinais', no qual canta e interpreta a canção em Libras. Em entrevista ao #blogVencerLimites, com vídeos exclusivos gravados pela própria cantora e traduzidos para a Língua Brasileira de Sinais, ela fala sobre o novo projeto e destaca a importância da acessibilidade na cultura.

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Por Luiz Alexandre Souza Ventura
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MPB, pop e folk são os universos por onde navega a cantora e compositora Luiza Caspary, que lançou neste mês Mergulho, seu segundo trabalho autoral.

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Luiza também transita por outros espaços para buscar todas as formas de comunicação com o público, incluindo em seus projetos, desde a concepção, recursos de acessibilidade, nos vídeos e nos shows. É algo que todo artista do século 21 deve, ou precisa, fazer, mas poucos conseguem.

Para apresentar o novo trabalho, a artista lançou o vídeo Sinais, no qual ela canta e, ao mesmo tempo, interpreta a canção em Libras.

"Esse projeto de vídeo com a Língua Brasileira de Sinais foi muito diferente no meu trabalho. Eu quis sair do padrão da janela de Libras pequena, no canto da tela, como é habitual, e trazer para a frente da tela, com a mesma importância e evidência do artista e de sua voz", explica Luiza.


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"Essa é a forma de comunicar à comunidade surda o que a letra da música diz. Pode ser que algumas pessoas achem estranho, mas espero que isso chegue a todos da melhor forma possível. Foi feito com muito amor e carinho, muita pesquisa e muita gente", comenta a cantora.

Em vídeos exclusivos gravados pela própria cantora para o #blogVencerLimites, com a participação de Naiane Olah na tradução para Libras, Luiza Caspary fala sobre acessibilidade na cultura, os desafios - inclusive financeiros - de incluir recursos nos vídeos e nos shows, além de analisar o cenário cultural voltado às pessoas com deficiência.


Luiz Caspary se apresenta e conta que acaba de lançar seu primeiro single do segundo disco. Ela está acompanhada por Naiane Olah, que faz a tradução para a Língua Brasileira de Sinais (Libras).


Vencer Limites - O que muda na sua relação com o público ao incluir acessibilidade nos vídeos e nos shows?

Luiza Caspary - A empatia e essa vontade em fazer com que meu trabalho chegue para todos causa uma aproximação muito grande com as pessoas que me acompanham. Ficamos muito próximos. Respondo a um por um e estou sempre aberta a receber dicas do público com deficiência para melhorar o uso dos recursos. É muito bom contar com eles, acabo chamando para trabalhar comigo. O público sem deficiência se sensibiliza e, olhando pra isso, lembra que essa parte da população existe e merece atenção.

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Vencer Limites - O que perdem os artistas que não incluem acessibilidade em seus trabalhos?

Luiza Caspary - A principal função da arte é transmitir sensações, ideias e sentimentos. Não ter acessibilidade para compartilhar tudo isso é deixar de se comunicar com milhares de pessoas. E limitar o acesso ao seu trabalho. Todos perdem deixando de olhar para isso.


Vencer Limites - Cantar e fazer os sinais de Libras é uma proposta inovadora, mas que exige de você uma concentração muito maior. Como foi esse processo? Quais os desafios dessa dupla interpretação? Você faz isso nos shows?

Luiza Caspary - Sim, foi bem difícil cantar e me expressar em Libras simultaneamente, afinal são duas línguas, então precisei de muito treino, concentração e entrega.

Não sou fluente em Libras. Contei com duas intérpretes para fazer as traduções: Angela Russo e Naiane Olah. E também com duas consultoras surdas, que acompanharam as gravações: Maria Rita de Oliveira e Renta Lé.

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Essa é a única música em que eu faço isso, as próximas serão com a Naiane interpretando Libras enquanto eu canto, mas nessa música 'Sinais' eu quis me colocar à prova. E foi um desafio que cumpri muito feliz.

É possível que eu interprete no show dessa forma sim, mas não o show inteiro, porque gosto muito de me movimentar no palco e, vez ou outra, toco violão ou outros instrumentos, o que ocupa minhas mãos.


Vencer Limites - Na sua avaliação, a promoção da acessibilidade deve ser uma iniciativa específica do artista?

Luiza Caspary - Boa pergunta. Eu sempre investi do próprio bolso para ter acessibilidade no meu trabalho, desde o show até os materiais que produzo para internet. E, como artista independente, não vou negar que é um custo alto.

Se houvesse uma conscientização de todos sobre a importância disso, seria muito mais fácil, mas acredito que sim, deve partir do artista a idéia.

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Já ouvi relatos de festivais que ofereceram intérprete de Libras para todos os artistas. E um desses artistas se sentiu incomodado com a presença da intérprete no palco e pediu que ela saísse. Uma falta total de noção da importância e da função daquela intérprete.


Vencer Limites - Qual a sua avaliação sobre a acessibilidade e a inclusão, de maneira geral, na cultura e no entretenimento?

Luiza Caspary - A grande questão é que a acessibilidade raramente é pensada junto com a criação e desenvolvimento de um projeto. É pensada de forma secundária, depois que tudo está pronto e, dessa forma, fica fria e apenas cumprindo um papel de lei.

A acessibilidade tem que, primeiramente, ser entendida como algo fundamental, como parte do acesso à cultura e à arte para todos. A iniciativa deve ser humana, antes de qualquer coisa.

De qualquer forma, o número de espetáculos e produções audiovisuais com acessibilidade não para de crescer. Eu - junto com minha mãe, Marcia Caspary - tenho uma empresa que desenvolve acessibilidade para outros artistas. E estamos com muitos projetos em andamento.

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