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Diversidade e Inclusão

'Abril Marrom'

Mês é dedicado à prevenção da cegueira e à conscientização sobre a realidade de pessoas cegas ou com deficiência visual severa. Atividades também celebram o Dia Nacional do Braille.

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Por Luiz Alexandre Souza Ventura
Atualização:

Cerca de 60% das doenças oculares que causam cegueiras são tratáveis. Imagem: Reprodução Foto: Estadão

José Álvares de Azevedo nasceu no Rio de Janeiro em 8 de abril de 1834. Cego, ele foi o primeiro professor a trazer para o Brasil, em 1850, o braille, sistema criado pelo francês Louis Braille que mudou a vida das pessoas cegas em todo o mundo.

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Por esse motivo, a data marca o Dia Nacional do Braille. E o mês é dedicado à prevenção da cegueira e também à conscientização sobre a realidade das pessoas cegas ou com deficiência visual severa no País.

"Cerca de 60% das doenças oculares que causam cegueiras são tratáveis. Se a pessoa tivesse chance de um diagnóstico e um tratamento precoce, ela poderia não estar cega", diz o oftalmologista e ex-presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, Suel Abujamra.

"As doenças caminham silenciosamente e as pessoas só procuram o médico quando já perderam parte da visão. Neste momento, o problema já está em estado avançado e os resultados nem sempre recuperam a visão. A população precisa ficar alerta e querer se cuidar. É preciso procurar o oftalmologista para fazer exames e detectar possíveis doenças", afirma o especialista.

Diabéticos, crianças, adultos acima de 40 anos e idosos acima de 60 anos devem ter ainda maior atenção aos cuidados com a visão. Abujamra ressalta que 85% da nossa comunicação com o mundo exterior se dá através dos olhos. "Eles são um patrimônio muito precioso, mas não são tratados com a devida atenção. Isso precisa mudar", ressalta Abujamra.

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Anatomia do olho humano. Imagem: Reprodução Foto: Estadão

"A verdadeira educação das crianças cegas só acontece quando elas podem dispor de livros em braile", afirma Regina Oliveira, coordenadora da revisão de materiais em braile na Fundação Dorina Nowill para Cegos, membro do Conselho Iberoamericano do Braile e do Conselho Mundial do Braile.

"Os textos escritos estão constantemente presentes na vida das pessoas que enxergam, por meio de outdoors, manchetes que podem ser lidas em jornais e revistas, legendas de filmes e de outros programas de televisão, além de tantas outras situações do cotidiano. Já as pessoas cegas conseguem ler apenas os textos em braile que lhes chegam às mãos", explica Regina.

José Álvares de Azevedo trouxe o braille para o Brasil. Imagem: Reprodução  

Saiba mais - José Álvares de Azevedo é o patrono da educação dos cegos no Brasil. De família abastada - era filho de Manuel Álvares de Azevedo -, foi para a França em 1844, com apenas 10 anos, para estudar no Instituto Real dos Jovens Cegos de Paris (Institut National des Jeunes Aveugles), onde permaneceu por seis anos. Voltou ao Brasil em 1850 com o propósito de difundir o braile e criar uma escola para cegos. Escreveu e publicou artigos sobre as possibilidades e condições de educação para pessoas cegas.

Louis Braille ficou cego durante a infância e, em 1825, então com 16 anos, ele apresentou a primeira versão do sistema. O 'Dia Mundial do Braile' é comemorado em 4 de janeiro, data do nascimento de seu criador, na cidade de Coupvray, em 1809.

Livros em braile devem ser preferencialmente transcritos em papel sulfite de gramatura 120 e cada página em tinta corresponde a aproximadamente três páginas do sistema. "Para que gosta de ler, nada substitui o prazer de ter um livro entre as mãos, sentir o cheiro, virar as páginas em busca de novas revelações ou voltar a reviver as sensações agradáveis do que já foi descoberto", comenta Regina Oliveira.

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Louis Braille criou o método na França. Imagem: Reprodução Foto: Estadão

O braile tem base na combinação de seis pontos dispostos em duas colunas e três linhas, permite a formação de 63 caracteres diferentes, que representam as letras do alfabeto, números, simbologia científica, musicográfica, fonética e informática.

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Adapta-se à leitura tátil porque os seis pontos em relevo podem ser percebidos pela parte mais sensível do dedo com apenas um toque. A leitura do braile é feita da esquerda para a direita, com uma ou ambas as mãos. Algumas pessoas que conseguem ler até 200 palavras por minuto.

O Sistema Braile obedece a regras internacionais de altura do relevo e de distância entre pontos, entre linhas e entre 'celas', que são formadas por duas colunas de três pontos. Há combinações para a representação de letras, números, símbolos científicos, notas musicais, fonética e informática.

Pode ser utilizado por pessoas cegas ou com baixa visão, mas nem toda pessoa cega lê o braile. Cada caractere pode ser percebido com apenas um toque da parte mais sensível do dedo indicador (a polpa). Também pode ser escrito à mão, utilizando uma ferramenta chamada reglete e outra chamada punção, que funcionam como caderno e caneta. A escrita manual deve ser feita da direita para a esquerda para garantir o relevo ao virar o papel que foi puncionado.

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