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Diversidade e Inclusão

Ah, essa vaga reservada

Artigo que escrevi sobre o uso irregular das vagas para pessoas com deficiência em estacionamentos, publicado nesta quarta-feira, 5, no jornal A Tribuna, de Santos (SP).

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Por Luiz Alexandre Souza Ventura
Atualização:


Minha dentista tem deficiência física e comprou um carro com isenções, mas não usa a vaga reservada em estacionamentos. Nem solicitou a autorização que garante esse direito. "Não preciso da vaga porque não tenho restrições de mobilidade", afirma.

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Outro amigo meu, esse com severas deficiências físicas, tetraplégico, que usa uma cadeira de rodas com motor, diz não se importar de parar o carro longe quando vai, por exemplo, ao bar. "Reclamo porque, na maioria das vezes, essa vaga está sendo usada por uma pessoa que não precisa".

Na academia que frequento diariamente (quase), o estacionamento tem somente um espaço reservado para pessoas com deficiência. Está instalado de maneira totalmente errada, em local inadequado, ao lado de um bicicletário, sem a faixa zebrada que permite a abertura das portas.

Certo dia, um aluno que não tem deficiência, mas possui o cartão de autorização porque alguém de sua família precisa (ele mesmo me contou), parou o carro nessa única vaga e foi treinar. Tento imaginar a reação dele quando seu parente está no veículo e a vaga está ocupada só por um minutinho por alguém sem essa necessidade.

Três casos semelhantes e, ao mesmo tempo, totalmente diferentes, ainda assim relacionados e interligados por um tema. Exemplos distintos de civilidade.

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O uso irregular das vagas reservadas para pessoas com deficiência em estacionamentos (qualquer vaga, mesmo por um segundo) é a expressão da civilidade. Aqueles espaços existem porque há pessoas que precisam deles. É tão claro e concreto quanto a pintura que os identifica. Direito garantido no artigo 47 da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (nº 13.146/2015).

Então, por que cargas d'água, bulhufas, motivo ou razão essas vagas são constantemente usadas de maneira indevida? Porque a deficiência do usuário daquele espaço é considerada uma vantagem. E essa exclusividade permite benefícios injustos e desleais.

A ausência de civilidade fecha o indivíduo para a compreensão. O desconhecimento sobre o que significa conviver com uma ou várias deficiências provoca uma avaliação equivocada. Soterrado por essas barreiras temos aquele motorista que não precisa, mas está parando agora em uma vaga reservada e saindo rapidinho do carro para não ser incomodado.

Essa realidade não será modificada apenas com aplicação de multas, apreensão de CNH e aulas sobre o tema. É um desafio de civilidade, uma discussão muito antiga, que ainda precisa ser repetida todos os dias.

Artigo publicado nesta quarta-feira, 4, na página A7 da versão impressa do jornal A Tribuna (Santos/SP).

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IMAGEM 02: Uso irregular das vagas para pessoas com deficiência em estacionamentos é pauta. Descrição #pracegover: Cópia da publicação na versão impressa. Crédito: Reprodução.  Foto: Estadão



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