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Diversidade e Inclusão

Ajudar ou não a pessoa com deficiência?

Zachary Gottsagen, ator com síndrome de Down, e Shia Labeouf, conhecido pela franquia Transformers, atuam no filme ‘The Peanut Butter Falcon’ e participaram da entrega dos prêmios do Oscar neste domingo, 9. Subiram juntos ao palco. Entre a celebração pela presença de Gottsagen no evento e as reações de Labeouf, as opiniões estão divididas. “Sempre vai haver crítica, mas a conquista é muito maior”, diz especialista.

Foto do author Luiz Alexandre Souza Ventura
Por Luiz Alexandre Souza Ventura
Atualização:


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'The Peanut Butter Falcon', longa metragem lançado em agosto do ano passado, conta a história de um jovem com síndrome de Down que vive em uma instituição, mas foge porque pretende se tornar astro da luta livre. No meio do caminho, encontra um pescador. E eles seguem juntos nessa jornada.

Zachary Gottsagen, ator de 34 anos que tem síndrome de Down, vive o protagonista, Zack, e Shia Labeouf, famoso pela franquia 'Transformers', é Tyler, o pescador que ajuda o jovem fugitivo a concretizar seu sonho.

Os dois subiram juntos neste domingo, 9, ao palco da cerimônia de entrega dos prêmios do Oscar 2020. O protocolo é conhecido. Ambos devem ler um breve texto de apresentação, projetado num teleprompter, apresentar os indicados, abrir o envelope e anunciar o vencedor.


É um evento colossal, com milhões de espectadores por todo o planeta e repleto de superastros na plateia. Para quem participa pela primeira vez, uma dose de nervosismo é esperada.

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A organização do Oscar parece não ter avaliado que o tempo de Zachary Gottsagen em uma leitura ao vivo, sem ensaio, sem texto decorado, é diferente. E ler um texto à distância, numa tela cercada de luzes, também não é algo simples.

Some a essa situação as características físicas da pessoa com síndrome de Down, especialmente o hipodesenvolvimento maxilar, o céu da boca estreito e profundo, além da macroglossia, a língua maior em relação à cavidade bucal.

Em sua parte da leitura, Zachary demorou o tempo que precisava. E levou uma cutucada para lembrar de abrir o envelope.

Segundo a organização do Oscar, Shia Labeouf se ofereceu para acompanhar Zachary Gottsagen na cerimônia. E o astro já declarou muitas vezes seu enorme apreço pelo colega, além de afirmar que essa convivência o "salvou". Nos últimos anos, Labeouf ganhou destaque nas manchetes e nas redes sociais por causa de um comportamento excêntrico e um tanto autodestrutivo.

Nas entrevistas sobre o filme e nos eventos de divulgação, os dois mostram uma amizade e uma intimidade muito sólidas.

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Fato é que Labeouf interferiu na participação de Gottsagen, deu a tal cutucada no braço no momento da abertura do envelope, chegou a rir da situação e, por tudo isso, está sendo bombardeado nas redes sociais.


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Manifestações de apoio e repúdio estão equilibradas. E essa situação pede um questionamento. Devemos ou não ajudar a pessoa com deficiência num momento como esse?

"As intervenções, algumas vezes, são interpretadas de várias formas. Se você ajuda, pode ser avaliado como alguém que não tem paciência. Se não ajuda, é criticado pelo mesmo motivo", afirma Antonio Carlos Sestaro, presidente da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down (FBASD).

"Já vivi com o Samuel situações em que tentei ajudar, mas algumas pessoas consideraram que eu estava atrapalhando", diz.

Samuel Sestaro, filho do presidente da FBASD, tem síndrome de Down, é diretor regional da Federação e já escreveu artigo para o #blogVencerLimites (leia aqui).

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"Haverá crítica de qualquer maneira. A presença do Zachary no Oscar é muito mais importante do que isso", completa Sestaro.

Entre as pessoas que atuam no universo da síndrome de Down e das pessoas com deficiência, em grupos de Whatsapp e Facebook, nas redes sociais e canais de vídeo, a celebração pela conquista de Zachary Gottsagen é grande.

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