Curta Facebook.com/VencerLimitesSiga @LexVenturaMande mensagem para blogvencerlimites@gmail.comO que você precisa saber sobre pessoas com deficiência
Alice Corrêa tem 19 anos e faz parte de um grupo de atletas de alto rendimento. Praticante de atletismo, a velocista é especialista nas provas de 100 e 200 metros. A rotina de treinos é forte, sempre no período da tarde. Logo cedo, por volta de 5h30, ela sai de casa, rumo à faculdade de Fisioterapia - no Centro Universitário IBMR. O percurso feito de ônibus demora aproximadamente duas horas. Na hora do almoço, a refeição é feita no meio do caminho, antes de chegar ao local de treino, trajeto que consome mais 40 minutos, de ônibus e metrô. "O ideal seria que tudo estivesse no mesmo lugar, como existe em outros países", diz.
A atleta é uma das grandes promessas brasileiras para os Jogos Paralímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Com visão parcial desde o nascimento - Alice tem glaucoma e catarata -, começou a praticar esportes ainda criança, aos 8 anos, no Instituto Benjamin Constant (IBC). "Minha mãe teve rubéola na gravidez. Eu enxergo só de perto. Uma vez participei de uma peça de teatro, mas era tudo muito escuro e quando fui entrar no palco, acabei caindo lá de cima", conta. "Já sofri preconceito sim, com apelidos e xingamentos, antes de entrar no IBC. Eu não queria mais ir para a escola, mas minha mãe não me permitia faltar".
Em 2012, quando conheceu o Instituto Superar, Alice percebeu que o esporte poderia representar uma nova vida. E as mudanças chegaram rápido. Em 2012, aos 16 anos, ela participou dos Jogos Paralímpicos de Londres. No mesmo ano - ao lado de seu técnico e guia, Diogo Cardoso -, ganhou a medalha de bronze do salto em distância nos Jogos Escolares de Londres, repetindo a conquista no Meeting Espanhol. Atualmente, é a 6ª colocada no ranking mundial em sua classe.
Atualmente patrocinada pela Seguros Unimed, Alice está empenhada em se tornar uma referência no esporte. "O foco atual é o Parapan de Toronto (Canadá), em Agosto. Em outubro temos o Mundial de Atletismo. Tudo faz parte da preparação para a Olimpíada. O Brasil tem muitos atletas com deficiência que são bastante fortes, em diferentes classes, mas ainda estamos em desvantagem porque os competidores estrangeiros têm mais estrutura, pistas e equipamentos melhores, com faculdade, escola, academia, refeitório e até dormitórios no mesmo lugar", diz.
Alice afirma que muitos amigos de infância que também têm deficiência desistiram de estudar porque não havia recursos de acessibilidade para chegar à escola e também dentro da sala de aula. "Mesmo na faculdade são poucos recursos. E a falta de acessibilidade afasta os alunos com deficiência. Tenho amigos que concluíram o ensino fundamental, mas não prosseguiram nos estudos porque não há acesso correto', explica. A atleta mora no Rio de Janeiro e diz que a cidade ainda precisa melhorar muito para ser realmente acessível. "É um problema de educação, porque muita ainda pensa que a pessoa com deficiência deve ficar trancada em casa", desabafa.