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Diversidade e Inclusão

Cresce violência contra mulheres com deficiência, mas pandemia dificulta registros

Em SP, casos de lesão corporal aumentaram 68% e número de boletins de ocorrência caiu 33%, diz Secretaria de Estado da Pessoa com Deficiência. Campanha de metroviários alerta para agravamento do problema.

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Por Luiz Alexandre Souza Ventura
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Isolamento durante a pandemia dificulta registro de casos de violência. Crédito: Reprodução. Foto: Estadão


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A violência contra a mulher com deficiência cresceu nas cidades paulistas, segundo informações da Base de Dados dos Direitos da Pessoa com Deficiência, organizada pela Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo (SEDPcD), mas as medidas de prevenção durante a pandemia de covid-19, com regras de isolamento e distanciamento social, estão dificultando os registros dos casos.

De acordo com SEDPcD, na comparação de 2019 com 2020, houve crescimento de 67,9% nas denúncias de lesão corporal e de 34,2% nas notificações de ameaça, mas o número de boletins de ocorrência lavrados caiu 33,4%, de 12.494 para 8.352. A violência doméstica e o estelionato são os principais relatos.

"Aliada a questão do isolamento social, temos também o fenômeno da subnotificação de violências sofridas pelas pessoas com deficiência que, com a interrupção das atividades escolares e profissionais presenciais, dificultou ainda mais a identificação de sinais de violência e de denúncias pelos colegas de trabalho, profissionais da educação", explica a secretária Célia Leão.

"Outro ponto importante para destacar é que em função da pandemia, tivemos de março até agosto de 2020 uma queda geral no número de BOs registrados na 1ª Delegacia da Pessoa com Deficiência da capital", esclarece a titular da SEDPcD.

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De acordo com a Base de Dados, SP tem 1.710.601 mulheres com deficiência, o que equivale a 56,86% do número total de pessoas com deficiência no estado.

Uma forma de ajudar as mulheres com deficiência é acompanhar o TODAS in-Rede, que capacita profissionais da Rede de Proteção e das Delegacias de Defesa da Mulher, para atendimento qualificado às vítimas.

Outra forma é acionar a DPPD (Delegacia de Polícia da Pessoa com Deficiência), que fica na Rua Brigadeiro Tobias, n° 527, no centro histórico da capital paulista. Uma das medidas para ampliar o acesso à delegacia foi a implementação de atendimento à distância. O serviço tem WhatsApp (+55 11 99918-8167) e WhatsApp exclusivo para pessoas surdas que se comunicam em Libras (+55 11 94528-9710), além de telefone fixo (11) 3311-3380, do email dppd.decap@policiacivil.sp.gov.br e também da página da delegacia eletrônica.

Outros canais de atendimento sa?o o Disque 181, Disque 180, Disque 100, Disque 190 e Maria da Penha Virtual.


https://youtu.be/aig6O46LmbQ

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Uma campanha liderada pela AME (Associac?a?o Amigos Metrovia?rios dos Excepcionais) estimula a denúncia e apoia mulheres e jovens com deficie?ncia que sofrem agressão. A viole?ncia pode ser fi?sica, sexual, moral, psicolo?gica ou patrimonial. Entre os sinais esta?o marcas no corpo, dores, mudanc?as de comportamento e quadros depressivos. O Projeto Caliandra, em parceria com a ONG Mobility International USA (MIUSA), abrange Brasil, Haiti, Serra Leoa, Sri Lanka, Nige?ria e Mongo?lia. Denúncias podem ser enviadas para caliandra@ame-sp.org.br

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"As conseque?ncias do isolamento social têm sido ainda mais crue?is com mulheres e jovens com deficie?ncia, muitas vezes abandonadas pelas pro?prias fami?lias. Ha? relatos muito tristes de viole?ncia e maus tratos que precisam ser conhecidos e combatidos pela sociedade", diz Jose? de Arau?jo Neto, presidente da AME.

"Sabemos hoje que, segundo dados da ONU, do Banco Mundial e da Universidade de Yale, a mulher com deficie?ncia sofre tre?s vezes mais com viole?ncia sexual que uma mulher sem deficie?ncia", afirma Ana Rita de Paula, coordenadora te?cnica do Projeto Caliandra. O nome é inspirado eem uma flor do cerrado que aproveita os poucos recursos desse ecossistema para se desenvolver e florir.

'Caliandra - sua voz, nossa voz' - A campanha e? composta por dois vi?deos e quatro folderes eletro?nicos veiculados na internet. A meta e? iniciar a coleta de dados sobre a viole?ncia contra a mulher com deficie?ncia, buscar parcerias para qualificar profissionais de sau?de e assiste?ncia social que consigam identificar casos de viole?ncia e se aproximar de grupos feministas para tornar a luta contra viole?ncia mais inclusiva.

O projeto busca incentivar o trabalho cooperativo entre organizac?o?es governamentais e na?o governamentais com o envolvimento de movimentos e coletivos voltados a?s pessoas com deficie?ncia, a?s mulheres e a? comunidade em geral.

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Tem apoio da Secretaria Municipal dos Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo e da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficie?ncia de SP.


REPORTAGEM COMPLETA EM LIBRAS (EM GRAVAÇÃO)

Vídeo produzido por Helpvox com a versão da reportagem na Língua Brasileira de Sinais pela tradutora e intérprete Milena Silva.


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