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Há uma grande expectativa sobre o desempenho dos atletas brasileiros no Jogos Paralímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, principalmente após a excelente campanha no Parapan 2015. A preparação para as competições do próximo ano é forte. A meta é alcançar ao menos a quinta colocação no quadro de medalhas. Em 2012, nos Jogos de Londres, o Brasil terminou na sétima posição.
Existe, no entanto, uma realidade que se aproxima na mesma velocidade e gera preocupação. O que vai acontecer ao atletas com deficiência após os Jogos?
"Muitos competidores já estão no final da fase de competições, principalmente por causa da idade. O pós-jogos é preocupante, porque esses atletas vivem do esporte", diz Diogo Cardoso da Silva, treinador que trabalha com atletas com deficiência desde 2009.
Técnico da velocista Alice Corrêa, ele acredita que empresas e empresários devem apostar na contratação de pessoas com deficiência. "São pessoas acostumadas com desafios e, quando motivadas, mostram resultados quase sempre acima da média. O mercado de trabalho tem muito a ganhar se investir no trabalhador com deficiência", afirma o treinador.
Diogo entende que a constante evolução brasileira em competições internacionais é resultado de um trabalho contínuo do Comitê Paralímpico Brasileiro, na mesma velocidade que outros países. "Estamos em igualdade com nossos principais adversários, como China, Estados Unidos e Canadá, mas é importante dizer que as competições para atletas com deficiência são muito mais recentes e, desta forma, há o mesmo tempo de investimento", diz.
O treinador explica que a preparação de atletas de alto desempenho tem sido aprimorada. "Hoje, os competidores atingem um alto nível de rendimento com mais rapidez e os treinos não precisam mais ser tão prolongados, permitindo a essas pessoas diferentes tipos de acompanhamento, com fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos e outros profissionais. O trabalho para os próximos anos terá de ser feito na base, com os jovens", defende.
Para Diogo Cardoso, os Jogos Paralímpicos podem mudar para melhor a forma como a sociedade compreende o universo da pessoa com deficiência. "É um exemplo, inclusive para famílias que costumam superproteger crianças com deficiência. Falta conhecimento, entendimento sobre as diferenças. É importante propor desafios. Se a criança cair e se machucar, deve aprender a levantar e prosseguir. Toda criança se machuca", conclui.
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