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Diversidade e Inclusão

Esporte paralímpico se apresenta ao Brasil

Público presente no Engenhão e no Parque Olímpico comprova o poder transformador dos Jogos Paralímpicos, mas ainda há mais pessoas com deficiência nas competições do que nas arquibancadas, uma realidade que precisa ser modificada.

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Por Luiz Alexandre Souza Ventura
Atualização:
 Foto: Estadão

No primeiro dia de competições dos Jogos Paralímpicos Rio 2016, o público que acompanhou as provas de atletismo, no Engenhão (Estádio Olímpico João Havelange), e de natação, no Parque Olímpico, abraçou todos os atletas. Cada disputa era aplaudida com entusiasmo. E, mesmo sem entender regras ou conhecer categorias, a torcida tornou-se universal.

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O #blogVencerLimites foi ao Engenhão, a convite da Nissan. Aproximadamente 7 mil pessoas (publico considerado pequeno para a capacidade do estádio) aplaudiram os competidores do começou ao fim das provas. Não havia adversários, não havia inimigos.

Logo na abertura, a final dos 5000m T11. Atletas e seus guias eram aplaudidos sem parar. Muita gente ainda chegava ao estádio, procurava um lugar para sentar, e a equipe brasileira já ganhava sua primeira medalha nos Jogos do Rio, com o fundista Odair Santos, que garantiu a prata.

Os atletas do salto em distância, concentrados em suas provas, não percebiam, mas construíam naquele momento uma revolução. Crianças, idosos, famílias inteiras, jovens, adolescentes, estudantes, todos misturados, de várias nacionalidades, acompanhavam cada pulo.

Neste esporte, praticado por pessoas cegas ou com deficiência visual que usam vendas sobre os olhos, o técnico fica posicionado ao fim da pista, antes ou depois da caixa de areia. Primeiro bate palmas para marcar o tempo e, quando o atleta começa a correr, tem início uma contagem de passos até o momento do pulo. Não é uma tarefa simples. O processo exige sincronia absoluta entre técnico e atleta. É uma característica dos esportes para pessoas cegas. São dois corações unidos.

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A disputa pelo ouro entre o brasileiro Ricardo Costa e o americano Lex Gillette foi um espetáculo único. Costa liderou a maior parte da prova e chegou aos 6.41m, mas Gillette acertou a passada e cravou 6.44m.

 Foto: Estadão

O brasileiro usa uma estratégia peculiar antes de saltar, com tapas pelo corpo e gritos. Ele partiu para a corrida e bateu em 6.43m. Ficaria com a prata, mas tinha mais um salto. Um silêncio absoluto dominou o Engenhão. Ricardo Costa correu e finalizou o dia, com 6.52m.

A torcida explodiu. Todos ficaram em pé, aplaudiram e gritaram. Havia gente que jamais teve a oportunidade de presenciar algo parecido e, naquele instante, chorava como se a medalha de ouro que Ricardo Costa acabara de ganhar fosse multiplicada por 7 mil.

Em 7 de setembro de 2016, o público brasileiro foi apresentado definitivamente ao esporte paralímpico. É certo que cada pessoa presente no Engenhão levou consigo uma mudança de pensamento, uma nova compreensão sobre os limites impostos pelas deficiências, mas com a percepção de que essas barreiras não são impossíveis e nem determinam o fim de uma vida.

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