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Diversidade e Inclusão

Ferramenta permite inclusão simultânea de audiodescrição, legendas e Libras em transmissões online

ONG Escola de Gente desenvolveu tecnologia para levar informações sobre a pandemia de covid-19 à população com deficiência. "É a maior exclusão em massa de pessoas com deficiência da história. Nem a OMS ofereceu acessibilidade nos seus pronunciamentos sobre a doença", diz a organização. Solução batizada de 'Hiperconexão Inclusiva' pode ser aplicada em lives, reuniões, conferências, aulas virtuais e já foi usada por Unicef, Ministério Público e o Congresso Nacional.

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Por Luiz Alexandre Souza Ventura
Atualização:


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Desde o começo da pandemia no Brasil e no mundo, pessoas e instituições que defendem a população com deficiência têm alertado sobre a falta de recursos de acessibilidade em pronunciamentos, notícias, boletins, transmissões ao vivo, atendimentos médicos online, publicações nas redes sociais ou em qualquer veículo de informações a respeito do coronavírus e os perigos da covid-19. Mesmo com o avanço da doença pelo planeta e a avalanche de novidades e especulações sobre o assunto, não houve até agora um esforço coletivo, público ou privado, para garantir acesso universal. A situação é mais crítica para pessoas com deficiências visuais e auditivas.

Diante desse cenário, as mesmas pessoas e instituições que chamam atenção diariamente para o problema desenvolveram soluções de tecnologia assistiva e colocaram essas inovações à disposição do público, quase sempre sem cobrança, para tentar suprir a demanda. Entre esses projetos está o 'Hiperconexão inclusiva: informação acessível também é linha de frente', da ONG Escola de Gente, provavelmente o mais robusto e completo até o momento.   "No início da pandemia, percebemos que a ausência de Libras, legenda e audiodescrição nas informações sobre a covid-19 no mundo colocaria em risco a vida de pessoas com deficiência. Como se proteger, e às suas famílias, sem compreender as orientações e notícias atualizadas em velocidade máxima no mundo virtual? Nem mesmo a OMS ofereceu acessibilidade nos seus pronunciamentos sobre a doença", diz Claudia Werneck, fundadora e superintendente da Escola de Gente.

"A maior exclusão em massa de pessoas com deficiência da história", segundo a ONG, exigiu o desenvolvimento de um mecanismo de transmissão online, em qualquer plataforma, com toda a acessibilidade.

"Com recursos próprios, transferimos para o virtual todo o nosso aprendizado sobre inclusão e acessibilidade em ambientes presenciais. A 'gambiarra tecnológica' foi necessária porque as redes sociais não oferecem mecanismos que permitam o uso simultâneo de Libras, legenda em tempo real e audiodescrição em transmissões ao vivo e na gravação online. Lives acessíveis exigem pré-produção e pós-produção acessíveis também, num exercício de equidade, do qual não é mais permitido escapar", afirma Claudia.   A primeira live acessível foi transmitida no dia 4 de abril e, no total, foram seis, que chegaram a ter 579 participantes juntos. Os vídeos já foram assistidas quase 20 mil vezes, com temas sobre saúde mental, teletrabalho, benefícios sociais, tecnologia e educação.

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A Escola de Gente liberou o conteúdo e explicou como produzir lives com acessibilidade e também como transmitir uma live acessível para crianças, sem intermediários, com diversidade e aprendizado. "Essa foi, possivelmente, a primeira live totalmente acessível para a infância realizada no mundo", comenta Claudia.   A tecnologia já foi usada por instituições como o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o Ministério Público e até o Congresso Nacional.

"O impacto no acesso à informação é amplo para pessoas com deficiência e outros grupos, como idosos, crianças, refugiados, pessoas com baixo letramento ou com dificuldade para ler. A meta é garantir direitos e praticar equidade na participação social e democrática no mundo virtual, sem exceções", ressalta Claudia Werneck.


https://www.facebook.com/escoladegente/videos/569488683966869


"Na prática, é uma articulação de programas diferentes, mas todos gratuitos ou muito baratos. Fomos descobrindo a solução e quebrando a cabeça nos primeiros experimentos. O custo maior é a própria contratação de profissionais dos três recursos de acessibilidade, que devem funcionar simultaneamente: intérprete de Libras, audiodescritor e profissional de legenda em tempo real", explica Pedro Prata, coordenador da Escola de Gente.

"Fazemos o encontro em uma plataforma de reuniões online, como Zoom ou Webex. Todos participam juntos: palestrantes, mediadores e profissionais de acessibilidade. Por meio de um software para gravar vídeos e fazer transmissões ao vivo, que pode ser o OBS Studio ou Ciclano, fazemos a montagem da tela, fundo, disposição visual dos participantes, janela de língua de sinais, legenda ao vivo, e espelhamos em uma plataforma de rede social, como Facebook ou Youtube", esclarece Pedro.

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"Desenvolvemos essa solução ao percebermos, logo no começo da pandemia, como a falta de informações com acessibilidade, principalmente nas lives e outros formatos de encontros virtuais, estava aprofundando a exclusão de pessoas com deficiência. Assim, resgatamos toda a nossa experiência de 18 anos em projetos presenciais totalmente acessíveis e aplicamos em ambientes virtuais. Essa solução pode ser usada em qualquer atividade online: lives, reuniões, conferências e até aulas virtuais", completa o coordenador.

Quem tiver interesse em conhecer o projeto 'Hiperconexão Inclusiva' pode entrar em contato com a ONG Escola de Gente pelo ____________________________________________

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