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Diversidade e Inclusão

Fone de ouvido equilibra sons para autistas com hipersensibilidade auditiva

Dentista que desistiu da profissão porque não conseguia conviver com os barulhos do consultório apresentou a ideia. Dispositivo capta ruídos, transfere para um software que limpa o áudio e transmite ao usuário por condução óssea. Fone não precisa ser removido durante uma conversa. Equipamento tem aplicativo que reconhece locais frequentados e faz ajuste automático. Grupo procura investidores.

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Por Luiz Alexandre Souza Ventura
Atualização:

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A dentista Rubia Carolina Nobre Morais, de 30 anos, parou de atuar na profissão em 2018 porque não conseguia mais conviver com os diversos ruídos produzidos em um consultório odontológico. "Hoje faço crochês", diz.

Atualmente, é estudante de medicina, mas precisou interromper o curso no terceiro semestre por questões financeiras e faz dos trabalhos manuais uma fonte de renda para retomar as aulas.

Carol - como ela prefere - descobriu há pouco mais de um ano que é autista. "Eu sempre passava mal entre um atendimento e outro. Acumulei dívidas e abandonei a profissão. Entre indas e vindas, atuei durante sete anos. E eu não sabia que era autista. Ano passado, após uma crise e uma tentativa de suicídio, iniciei acompanhamento com psiquiatra e veio o diagnóstico. Nunca imaginei que fosse autista", conta.

As dificuldades que a dentista enfrentava no consultório eram causadas pela hipersensibilidade auditiva, uma característica comum nos autistas. Fones que abafam o som costumam ajudar, mas impedem a comunicação.

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A experiência de Carol serviu como base de conhecimento para a criação de um equipamento que equilibra o som e permite uso durante uma conversa, sem a necessidade de ser removido.


Descrição da imagem #pracegover: Foto de Carol Morais segurando uma peça confeccionada por ela em crochê. Crédito: Arquivo pessoal / Carol Morais.  Foto: Estadão


O projeto nasceu no Autismo Tech, uma maratona de programação, exploração de códigos, sistemas, discussão de novas ideias e desenvolvimento de softwares e hardwares, um hackathon para a criação de soluções que promovam a inclusão de pessoas autistas no mercado de trabalho.

"Vi a chamada do evento e imaginei se haveria alguma solução que para ajustar os sons no meu consultório, sem eliminar as vozes das pessoas. Mandei uma mensagem sobre a minha ideia para o coordenador do evento, e esse coordenador me colocou em contato com um grupo", relembra Carol, que compartilha sua rotina no perfil Austic, um fone de ouvido com um microfone que capta os ruídos em volta e transfere para uma aplicação de processamento.

"O software cria ondas exatamente iguais e emite praticamente ao mesmo tempo, só que em uma fase oposta, causando o cancelamento dos ruídos indesejados", explicam os desenvolvedores.

"Com o uso da condução óssea no crânio, permite ao ouvinte perceber o conteúdo de áudio sem bloquear o canal auditivo e sem prejudicar a atenção ao que está em volta", esclarece o grupo.

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Um aplicativo ajusta frequência e volume, além de fazer a geolocalização, possibilitando o reconhecimento de espaços já visitados pelo usuário e controle automático do áudio.

O grupo busca investidores para aprimorar, produzir e comercializar o dispositivo. Interessados podem entrar em contato pelo austicprojeto@gmail.com.



REPORTAGEM COMPLETA EM LIBRAS (EM GRAVAÇÃO)Vídeo produzido pela Helpvox com a versão da reportagem na Língua Brasileira de Sinais gravada pelo intérprete e tradutor Gabriel Finamore.


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