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Diversidade e Inclusão

Marcelo Collet

A palavra 'especial' não é sinônimo de alguma inabilidade física ou intelectual. O ser especial nasce assim. E mostra essa característica todos os dias, inclusive quando precisa vencer as dificuldades.

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Por Luiz Alexandre Souza Ventura
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Curta Facebook.com/VencerLimitesSiga @LexVenturaMande mensagem para blogvencerlimites@gmail.comO que você precisa saber sobre pessoas com deficiência

 Foto: Divulgação

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"Eu não tinha nenhum conhecimento sobre as pessoas com deficiência, mas jamais pensei que aquele era o fim do sonho da minha vida. A transferência para as competições paralímpicas foi, de certa forma, natural, a partir do momento em que entendi que era possível, nesse universo, conseguir o que eu sempre busquei". Marcelo Collet tem 33 anos e, desde os 14, treina virtuosamente, sempre com um pensamento: ser atleta de alto desempenho. Praticante de triatlo, foi justamente durante um treino que o recomeço se apresentou. Marcelo pedalava pelas ruas do centro de Salvador (BA), quando foi atropelado, em 1998. A perna esquerda foi bastante atingida, houve perda de massa muscular e rompimento das ligações nervosas, o que impede o desenvolvimento dos músculos, do joelho para baixo.

"Durante dois anos e meio, fiz milhares de cálculos e acreditava que poderia voltar a praticar tudo exatamente como antes. Não foi possível, e quando percebi isso, tive de achar um novo caminho. Nessa época, eu pensava que competições para pessoas com deficiência eram como um tipo de gincana. Foi em 2001, quando participei do meu primeiro mundial de natação, e conheci adversários de alto nível, que enxerguei o esporte como ferramenta para minha nova caminhada", diz Marcelo, que se prepara para disputar, neste mês, o campeonato mundial de triatlo.

Marcelo afirma que a situação das pessoas com deficiência melhorou muito no Brasil, principalmente no que diz respeito à percepção que o País tem sobre essa população, mas ele ressalta que os problems estruturais são muito presentes. "Fui atropelado 'enfrentando' as ruas de Salvador, do mesmo jeito que preciso fazer hoje para chegar ao local onde treino. E tem ainda as dificuldades de acessibilidade no transporte". O atleta questiona determinadas palavras habitualente usadas em referência às pessoas com deficiência. "Ser especial não é sinônimo de ter uma inabilidade física ou intelectual. A pessoa é especial por outros motivos, relacionados ao caráter. Muitos usam minha história como exemplo de superação, mas, para mim, o processo foi totalmente natural".

Em 2010, após dois anos de intensa preparação, Marcelo fez a travessia do Canal da Mancha, em um tempo total de 10 horas e seis minutos, com paradas estratégicas a cada 30 minutos para hidratação. Foram 39.300 metros de prova. Todo o processo foi filmado e se tornou um documentário, que será lançado em breve. "O maior inimigo nessa travessia é o clima. Tem uma 'janela' na qual você consegue fazer o percurso, mas a água é muito gelada e, quando o tempo não permite, ninguém atravessa".

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Paralímpico - Na avaliação de Marcelo Collet, o Brasil não planeja de forma correta as ações relacionadas ao esporte paralímpico. "Ainda precisa de infraestrutura. Tudo é muito atrasado. O planejamento deveria ser feito muito antes, prinicipalmente com ações nas escolas, para fomentar o esporte".

Conquistas - Marcelo participou de dois Campeonatos Parapanamericanos (Mar Del Plata e Rio de Janeiro), totalizando oito medalhas (duas de ouro, três de prata e três de bronze). E de duas Paraolimpíadas (Atenas e Pequim), quando ficou entre os oito melhores atletas da sua categoria. Atualmente, ele é patrocinado pela Seguros Unimed.

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