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Diversidade e Inclusão

Pode chorar, menino

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Por Luiz Alexandre Souza Ventura
Atualização:

 Foto: Estadão

Gostar de futebol é quase uma obrigação para o brasileiro. É algo transmitido do pai ao filho, desde os primeiros dias dessa relação. Tenho um amigo que cantava o hino do Santos sempre que o filho dele, recém nascido, chorava. E o menino se acalmava na hora. Era sensacional. Hoje, os dois filhos deste mesmo amigo estão mergulhados no esporte, participam de campeonatos, colecionam bolas, chuteiras, camisetas e tudo mais que pode ser reunido sobre o tal ludopédio (gosto desse nome).

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Penso que a relação pai/filho se torna mais sólida por causa do futebol. É uma paixão em comum, um laço fortalecido a cada jogo, mesmo quando há divergência de opiniões ou sobre times. Entendo, inclusive, que essa é, para sempre, uma relação entre meninos, os mesmos que jogam bola na rua, com pés descalços, em caminhos de terra batida, ou naqueles gramados sintéticos que aparecem todos os dias, onde os amigos se encontram uma vez por semana (até mais do que isso).

Melhor é quando surge entre esses meninos aquele que, como dizem, "nasceu para o futebol". Meninos como Neymar, Robinho, Zico, Romário, Pelé, Garrincha, Messi, Zidane e tantos outros. Enxergo em cada pai desses meninos que adoram futebol aquela esperança de ver o filho evoluir no esporte, avançar desde bem pequeno, se tornar profissional, jogar em bons times, ser vendido para um clube do exterior e, por consequência, ganhar bastante dinheiro, algo que não é (de forma alguma) errado.

Muitos desses meninos conseguem chegar à seleção brasileira e disputar a Copa do Mundo. Acredito, na verdade, que eles são sempre meninos, mesmo perto da aposentadoria. E quando entram em campo, qualquer campo, levam junto aquele sentimento positivo pelo futebol, aquele amor incondicional ensinado pelo pai. Penso também que, mesmo aqueles 'acusados' de pensar somente no dinheiro, quando chegam em um jogo de Copa do Mundo, pensam em muito mais do que isso. O coração bate forte, as pernas tremem, o olhos se enchem de lágrimas.

Foram essas 'lágrimas de meninos' que os meninos (com o devido respeito) da nossa seleção brasileira derramaram após o jogo (ou a batalha) contra a equipe do Chile no último sábado. Pense que tipo de sentimento eles deixaram explodir após o último pênalti defendido por Julio César. Tente avaliar o tamanho da carga emotiva acumulada, e multiplicada, a cada minuto. E a partida termina empatada, começa e prorrogação. E acaba a prorrogação. E vamos aos pênaltis. Aliás, acredito que o pênalti é o maior pesadelo do jogador. Aos olhos do espectador, do torcedor, o pênalti é fácil. Aquele gol enorme e somente o goleiro para atrapalhar. Triste destino para aquele que errar. E tem ainda essa coisa do goleiro que defende e se torna herói, mesmo que seja até a próxima partida.

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Defendo totalmente o choro. E, no caso dos meninos da seleção, foi mais do que somente uma explosão. Foi um ato de coragem, porque é a maior prova de que esses jogadores, os melhores entre os melhores, são humanos, são pessoas. Principalmente porque é isso que todos nós somos: pessoas. E essa coragem foi vista, ao vivo, em todo o planeta (ou quase).

O futebol tem dessas coisas. Todos são especialistas, técnicos, jogadores. Acho ótima aquela frase: "esse gol, até minha avó faria". E, após a batalha (vencida) contra o Chile, todos se tornaram autoridades em comportamento humano, liderança, coragem. Todo o tipo de análise surgiu, sempre com base nas imagens pós-jogo. Principalmente sobre o capitão Thiago Silva.

E o que houve antes do jogo? Depois do jogo? O que foi dito? Você sabe? Eu não sei. Só sei que essas opiniões superficiais não significam nada. Essas avaliações só me fazem lembrar do que disse Neymar antes do começo da Copa. "Não penso em ser artilheiro. Penso em ser campeão".

Chorem sim, meninos. Chorem muito. E façam isso após cada jogo, depois de cada batalha vencida. E renovem as forças. Regenerem o sentimento. Lembrem do pé no alfalto, no campinho do bairro. É, repito, um ato de coragem.

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