Diversidade e Inclusão

"Práticas de educação inclusiva têm surgido em todo o País"


Rodrigo Hübner Mendes é um dos maiores especialistas em diversidade humana no País. Tetraplégico desde a juventude, é professor da FGV e idealizador de um instituto que oferece oportunidades reais a pessoas com deficiência. Em entrevista ao #blogVencerLimites, ele fala sobre acesso à educação, o trabalho da imprensa, as leis que defendem o cidadão com deficiência e sobre como é possível melhorar esse cenário no Brasil.

Por Luiz Alexandre Souza Ventura
"Proponho pensarmos na ideia de superação coletiva para o enfrentamento das barreiras ainda existentes na sociedade.", diz Rodrigo Hübner Mendes. Foto: Divulgação / Leo Muniz

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"Constituir redes de ensino inclusivas não é um desafio exclusivo do Brasil. Os países mais desenvolvidos enfrentam ainda dificuldades nesse processo, contexto que gera uma enorme oportunidade para estabelecer redes internacionais de cooperação e construção de conhecimento sobre o horizonte de uma escola para todos", diz Rodrigo Hübner Mendes, idealizador do Instituto Rodrigo Mendes, professor da Fundação Getúlio Vargas e um dos maiores especialistas em diversidade humana no País.

Em entrevista ao #blogVencerLimites, Mendes fala sobre as principais barreiras para o acesso da pessoa com deficiência à educação no Brasil, o mercado de trabalho, as funções do Estado e do setor privado na educação e capacitação do cidadão com deficiência, analisa o trabalho da imprensa e destaca ainda as contribuições da Lei Brasileira de Inclusão.

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#blogVencerLimites - A grande imprensa ainda mantém vícios em reportagens sobre pessoas com deficiência, principalmente o tal 'exemplo de superação' quando essas pessoas conquistam sucesso em suas áreas de atuação, sem destacar os detalhes da vida dessas pessoas, e sem considerar as oportunidades que tiveram. Qual a sua opinião sobre esse cenário e sobre como essa mensagem pode afetar a autoestima das pessoas com deficiência que não tiveram as mesmas oportunidades?

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Rodrigo Hübner Mendes - Recentemente escrevi um artigo sobre essa tradicional abordagem da mídia, que conecta todo exemplo ou história de pessoas com deficiência à superação individual.

Na minha opinião, essa visão se contenta com a participação parcial e pontual das pessoas com deficiência. Isso ocorre com frequência, por exemplo, em matérias sobre esporte e novas tecnologias. Essas áreas trouxeram ótimas soluções, que aparentam não requerer mudanças no restante da sociedade.

A consequência negativa é uma ilusória percepção de que nós, como sociedade, já podemos nos acomodar e omitir nossa parcela de responsabilidade. Ou, ainda, esquecer do fato de que vivemos numa sociedade imersa na desigualdade de oportunidades. Isso afeta a todas as pessoas, com ou sem deficiência.

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Uma visão mais ambiciosa, menos paternalista, pressupõe a percepção de que é insuficiente o foco exclusivo na superação de quem está de fora, excluído. Um horizonte realmente democrático só poderá ser tocado na medida em que todos se enxergarem implicados no complexo processo de incluir.

Proponho pensarmos na ideia de superação coletiva para o enfrentamento das barreiras ainda existentes na sociedade. A começar pela mudança no olhar expresso pela mídia.

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https://www.facebook.com/projetodiversa/videos/1548909241862976/

#blogVencerLimites - Empresas têm afirmado que o mercado corporativo está assumindo a função do Estado na formação de pessoa com deficiência por causa da lei de cotas e também pela baixa qualificação desses profissionais, destacando a falta de acesso à educação. Qual a sua avaliação?

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Rodrigo Hübner Mendes - A meta 4 do Plano Nacional de Educação visa universalizar o acesso à educação básica para as pessoas com deficiência que estejam na faixa etária entre 4 e 17 anos.

Essa ambição reflete o avançado arcabouço jurídico que construímos no Brasil nas últimas décadas. Nesse sentido, precisamos ter a clareza de que ofertar educação gratuita e de qualidade é um dever do Estado.

Isso não deve ser confundido com a relevante contribuição que o setor privado pode propiciar para a formação das pessoas com deficiência. Muitas organizações já investem recursos em cursos técnicos e outras estratégias formativas, visando ampliar a capacitação de seus colaboradores.

Entendo que ações nessa linha fazem parte da consciência de que a construção de um planeta sustentável requer esforços de todos os setores. Não misturemos 'alhos com bugalhos'.

 Foto: Estadão

SAIBA MAIS - Rodrigo Hübner Mendes é tetraplégico desde a juventude por causa de um acidente. Mestre em Gestão da Diversidade Humana pela Fundação Getúlio Vargas, atua na instituição como professor. Foi aluno do curso de Liderança e Políticas Públicas para o século XXI na Kennedy School of Government, Harvard.

Em 2008, foi selecionado pelo Fórum Econômico Mundial para integrar o grupo Jovens Líderes Globais, um programa que reúne líderes com até 40 anos que tenham realizado trabalhos de impacto social relevante. Deste grupo já fizeram parte nomes como Bill Gates e Tony Blair.

Em 2016, foi uma das pessoas convidadas para participar do revezamento da tocha olímpica em São Paulo. Em 2017, é um dos personagens da campanha Respeito, da Rede Globo, e foi um dos três homenageados pela BrazilFoundation em sua 15ª noite de gala, realizada em setembro, nos Estados Unidos.

O Instituto Rodrigo Mendes é uma organização sem fins lucrativos e que tem como missão colaborar para que toda pessoa com deficiência tenha uma educação de qualidade na escola comum. O objetivo principal é fazer parte da construção de uma sociedade inclusiva, que garanta a igualdade de direitos e valorize as diferenças humanas.

Para isso, são desenvolvidos programas de pesquisa, formação continuada e controle social na área da educação inclusiva. Desde 1994, desenvolve programas de educação inclusiva, contabilizando 1.4 milhões de estudantes atendidos e 2.240 professores formados. O projeto Portas Abertas para a Inclusão, curso Ensino Médio Inclusivo e o portal diversa.org.br são três das iniciativas mais importantes do IRM.

Quer receber as notícias do #blogVencerLimites pelo WhatsApp? Adicione (11) 97611-6558 aos contatos e mande a frase 'VencerLimitesWhatsApp'  Foto: Estadão

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"Proponho pensarmos na ideia de superação coletiva para o enfrentamento das barreiras ainda existentes na sociedade.", diz Rodrigo Hübner Mendes. Foto: Divulgação / Leo Muniz

"Constituir redes de ensino inclusivas não é um desafio exclusivo do Brasil. Os países mais desenvolvidos enfrentam ainda dificuldades nesse processo, contexto que gera uma enorme oportunidade para estabelecer redes internacionais de cooperação e construção de conhecimento sobre o horizonte de uma escola para todos", diz Rodrigo Hübner Mendes, idealizador do Instituto Rodrigo Mendes, professor da Fundação Getúlio Vargas e um dos maiores especialistas em diversidade humana no País.

Em entrevista ao #blogVencerLimites, Mendes fala sobre as principais barreiras para o acesso da pessoa com deficiência à educação no Brasil, o mercado de trabalho, as funções do Estado e do setor privado na educação e capacitação do cidadão com deficiência, analisa o trabalho da imprensa e destaca ainda as contribuições da Lei Brasileira de Inclusão.

#blogVencerLimites - A grande imprensa ainda mantém vícios em reportagens sobre pessoas com deficiência, principalmente o tal 'exemplo de superação' quando essas pessoas conquistam sucesso em suas áreas de atuação, sem destacar os detalhes da vida dessas pessoas, e sem considerar as oportunidades que tiveram. Qual a sua opinião sobre esse cenário e sobre como essa mensagem pode afetar a autoestima das pessoas com deficiência que não tiveram as mesmas oportunidades?

Rodrigo Hübner Mendes - Recentemente escrevi um artigo sobre essa tradicional abordagem da mídia, que conecta todo exemplo ou história de pessoas com deficiência à superação individual.

Na minha opinião, essa visão se contenta com a participação parcial e pontual das pessoas com deficiência. Isso ocorre com frequência, por exemplo, em matérias sobre esporte e novas tecnologias. Essas áreas trouxeram ótimas soluções, que aparentam não requerer mudanças no restante da sociedade.

A consequência negativa é uma ilusória percepção de que nós, como sociedade, já podemos nos acomodar e omitir nossa parcela de responsabilidade. Ou, ainda, esquecer do fato de que vivemos numa sociedade imersa na desigualdade de oportunidades. Isso afeta a todas as pessoas, com ou sem deficiência.

Uma visão mais ambiciosa, menos paternalista, pressupõe a percepção de que é insuficiente o foco exclusivo na superação de quem está de fora, excluído. Um horizonte realmente democrático só poderá ser tocado na medida em que todos se enxergarem implicados no complexo processo de incluir.

Proponho pensarmos na ideia de superação coletiva para o enfrentamento das barreiras ainda existentes na sociedade. A começar pela mudança no olhar expresso pela mídia.

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Rodrigo Hübner Mendes - A meta 4 do Plano Nacional de Educação visa universalizar o acesso à educação básica para as pessoas com deficiência que estejam na faixa etária entre 4 e 17 anos.

Essa ambição reflete o avançado arcabouço jurídico que construímos no Brasil nas últimas décadas. Nesse sentido, precisamos ter a clareza de que ofertar educação gratuita e de qualidade é um dever do Estado.

Isso não deve ser confundido com a relevante contribuição que o setor privado pode propiciar para a formação das pessoas com deficiência. Muitas organizações já investem recursos em cursos técnicos e outras estratégias formativas, visando ampliar a capacitação de seus colaboradores.

Entendo que ações nessa linha fazem parte da consciência de que a construção de um planeta sustentável requer esforços de todos os setores. Não misturemos 'alhos com bugalhos'.

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SAIBA MAIS - Rodrigo Hübner Mendes é tetraplégico desde a juventude por causa de um acidente. Mestre em Gestão da Diversidade Humana pela Fundação Getúlio Vargas, atua na instituição como professor. Foi aluno do curso de Liderança e Políticas Públicas para o século XXI na Kennedy School of Government, Harvard.

Em 2008, foi selecionado pelo Fórum Econômico Mundial para integrar o grupo Jovens Líderes Globais, um programa que reúne líderes com até 40 anos que tenham realizado trabalhos de impacto social relevante. Deste grupo já fizeram parte nomes como Bill Gates e Tony Blair.

Em 2016, foi uma das pessoas convidadas para participar do revezamento da tocha olímpica em São Paulo. Em 2017, é um dos personagens da campanha Respeito, da Rede Globo, e foi um dos três homenageados pela BrazilFoundation em sua 15ª noite de gala, realizada em setembro, nos Estados Unidos.

O Instituto Rodrigo Mendes é uma organização sem fins lucrativos e que tem como missão colaborar para que toda pessoa com deficiência tenha uma educação de qualidade na escola comum. O objetivo principal é fazer parte da construção de uma sociedade inclusiva, que garanta a igualdade de direitos e valorize as diferenças humanas.

Para isso, são desenvolvidos programas de pesquisa, formação continuada e controle social na área da educação inclusiva. Desde 1994, desenvolve programas de educação inclusiva, contabilizando 1.4 milhões de estudantes atendidos e 2.240 professores formados. O projeto Portas Abertas para a Inclusão, curso Ensino Médio Inclusivo e o portal diversa.org.br são três das iniciativas mais importantes do IRM.

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Em entrevista ao #blogVencerLimites, Mendes fala sobre as principais barreiras para o acesso da pessoa com deficiência à educação no Brasil, o mercado de trabalho, as funções do Estado e do setor privado na educação e capacitação do cidadão com deficiência, analisa o trabalho da imprensa e destaca ainda as contribuições da Lei Brasileira de Inclusão.

#blogVencerLimites - A grande imprensa ainda mantém vícios em reportagens sobre pessoas com deficiência, principalmente o tal 'exemplo de superação' quando essas pessoas conquistam sucesso em suas áreas de atuação, sem destacar os detalhes da vida dessas pessoas, e sem considerar as oportunidades que tiveram. Qual a sua opinião sobre esse cenário e sobre como essa mensagem pode afetar a autoestima das pessoas com deficiência que não tiveram as mesmas oportunidades?

Rodrigo Hübner Mendes - Recentemente escrevi um artigo sobre essa tradicional abordagem da mídia, que conecta todo exemplo ou história de pessoas com deficiência à superação individual.

Na minha opinião, essa visão se contenta com a participação parcial e pontual das pessoas com deficiência. Isso ocorre com frequência, por exemplo, em matérias sobre esporte e novas tecnologias. Essas áreas trouxeram ótimas soluções, que aparentam não requerer mudanças no restante da sociedade.

A consequência negativa é uma ilusória percepção de que nós, como sociedade, já podemos nos acomodar e omitir nossa parcela de responsabilidade. Ou, ainda, esquecer do fato de que vivemos numa sociedade imersa na desigualdade de oportunidades. Isso afeta a todas as pessoas, com ou sem deficiência.

Uma visão mais ambiciosa, menos paternalista, pressupõe a percepção de que é insuficiente o foco exclusivo na superação de quem está de fora, excluído. Um horizonte realmente democrático só poderá ser tocado na medida em que todos se enxergarem implicados no complexo processo de incluir.

Proponho pensarmos na ideia de superação coletiva para o enfrentamento das barreiras ainda existentes na sociedade. A começar pela mudança no olhar expresso pela mídia.

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Essa ambição reflete o avançado arcabouço jurídico que construímos no Brasil nas últimas décadas. Nesse sentido, precisamos ter a clareza de que ofertar educação gratuita e de qualidade é um dever do Estado.

Isso não deve ser confundido com a relevante contribuição que o setor privado pode propiciar para a formação das pessoas com deficiência. Muitas organizações já investem recursos em cursos técnicos e outras estratégias formativas, visando ampliar a capacitação de seus colaboradores.

Entendo que ações nessa linha fazem parte da consciência de que a construção de um planeta sustentável requer esforços de todos os setores. Não misturemos 'alhos com bugalhos'.

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SAIBA MAIS - Rodrigo Hübner Mendes é tetraplégico desde a juventude por causa de um acidente. Mestre em Gestão da Diversidade Humana pela Fundação Getúlio Vargas, atua na instituição como professor. Foi aluno do curso de Liderança e Políticas Públicas para o século XXI na Kennedy School of Government, Harvard.

Em 2008, foi selecionado pelo Fórum Econômico Mundial para integrar o grupo Jovens Líderes Globais, um programa que reúne líderes com até 40 anos que tenham realizado trabalhos de impacto social relevante. Deste grupo já fizeram parte nomes como Bill Gates e Tony Blair.

Em 2016, foi uma das pessoas convidadas para participar do revezamento da tocha olímpica em São Paulo. Em 2017, é um dos personagens da campanha Respeito, da Rede Globo, e foi um dos três homenageados pela BrazilFoundation em sua 15ª noite de gala, realizada em setembro, nos Estados Unidos.

O Instituto Rodrigo Mendes é uma organização sem fins lucrativos e que tem como missão colaborar para que toda pessoa com deficiência tenha uma educação de qualidade na escola comum. O objetivo principal é fazer parte da construção de uma sociedade inclusiva, que garanta a igualdade de direitos e valorize as diferenças humanas.

Para isso, são desenvolvidos programas de pesquisa, formação continuada e controle social na área da educação inclusiva. Desde 1994, desenvolve programas de educação inclusiva, contabilizando 1.4 milhões de estudantes atendidos e 2.240 professores formados. O projeto Portas Abertas para a Inclusão, curso Ensino Médio Inclusivo e o portal diversa.org.br são três das iniciativas mais importantes do IRM.

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Em entrevista ao #blogVencerLimites, Mendes fala sobre as principais barreiras para o acesso da pessoa com deficiência à educação no Brasil, o mercado de trabalho, as funções do Estado e do setor privado na educação e capacitação do cidadão com deficiência, analisa o trabalho da imprensa e destaca ainda as contribuições da Lei Brasileira de Inclusão.

#blogVencerLimites - A grande imprensa ainda mantém vícios em reportagens sobre pessoas com deficiência, principalmente o tal 'exemplo de superação' quando essas pessoas conquistam sucesso em suas áreas de atuação, sem destacar os detalhes da vida dessas pessoas, e sem considerar as oportunidades que tiveram. Qual a sua opinião sobre esse cenário e sobre como essa mensagem pode afetar a autoestima das pessoas com deficiência que não tiveram as mesmas oportunidades?

Rodrigo Hübner Mendes - Recentemente escrevi um artigo sobre essa tradicional abordagem da mídia, que conecta todo exemplo ou história de pessoas com deficiência à superação individual.

Na minha opinião, essa visão se contenta com a participação parcial e pontual das pessoas com deficiência. Isso ocorre com frequência, por exemplo, em matérias sobre esporte e novas tecnologias. Essas áreas trouxeram ótimas soluções, que aparentam não requerer mudanças no restante da sociedade.

A consequência negativa é uma ilusória percepção de que nós, como sociedade, já podemos nos acomodar e omitir nossa parcela de responsabilidade. Ou, ainda, esquecer do fato de que vivemos numa sociedade imersa na desigualdade de oportunidades. Isso afeta a todas as pessoas, com ou sem deficiência.

Uma visão mais ambiciosa, menos paternalista, pressupõe a percepção de que é insuficiente o foco exclusivo na superação de quem está de fora, excluído. Um horizonte realmente democrático só poderá ser tocado na medida em que todos se enxergarem implicados no complexo processo de incluir.

Proponho pensarmos na ideia de superação coletiva para o enfrentamento das barreiras ainda existentes na sociedade. A começar pela mudança no olhar expresso pela mídia.

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Rodrigo Hübner Mendes - A meta 4 do Plano Nacional de Educação visa universalizar o acesso à educação básica para as pessoas com deficiência que estejam na faixa etária entre 4 e 17 anos.

Essa ambição reflete o avançado arcabouço jurídico que construímos no Brasil nas últimas décadas. Nesse sentido, precisamos ter a clareza de que ofertar educação gratuita e de qualidade é um dever do Estado.

Isso não deve ser confundido com a relevante contribuição que o setor privado pode propiciar para a formação das pessoas com deficiência. Muitas organizações já investem recursos em cursos técnicos e outras estratégias formativas, visando ampliar a capacitação de seus colaboradores.

Entendo que ações nessa linha fazem parte da consciência de que a construção de um planeta sustentável requer esforços de todos os setores. Não misturemos 'alhos com bugalhos'.

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SAIBA MAIS - Rodrigo Hübner Mendes é tetraplégico desde a juventude por causa de um acidente. Mestre em Gestão da Diversidade Humana pela Fundação Getúlio Vargas, atua na instituição como professor. Foi aluno do curso de Liderança e Políticas Públicas para o século XXI na Kennedy School of Government, Harvard.

Em 2008, foi selecionado pelo Fórum Econômico Mundial para integrar o grupo Jovens Líderes Globais, um programa que reúne líderes com até 40 anos que tenham realizado trabalhos de impacto social relevante. Deste grupo já fizeram parte nomes como Bill Gates e Tony Blair.

Em 2016, foi uma das pessoas convidadas para participar do revezamento da tocha olímpica em São Paulo. Em 2017, é um dos personagens da campanha Respeito, da Rede Globo, e foi um dos três homenageados pela BrazilFoundation em sua 15ª noite de gala, realizada em setembro, nos Estados Unidos.

O Instituto Rodrigo Mendes é uma organização sem fins lucrativos e que tem como missão colaborar para que toda pessoa com deficiência tenha uma educação de qualidade na escola comum. O objetivo principal é fazer parte da construção de uma sociedade inclusiva, que garanta a igualdade de direitos e valorize as diferenças humanas.

Para isso, são desenvolvidos programas de pesquisa, formação continuada e controle social na área da educação inclusiva. Desde 1994, desenvolve programas de educação inclusiva, contabilizando 1.4 milhões de estudantes atendidos e 2.240 professores formados. O projeto Portas Abertas para a Inclusão, curso Ensino Médio Inclusivo e o portal diversa.org.br são três das iniciativas mais importantes do IRM.

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