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Em mais de 15 anos de experiência no esporte para pessoas com deficiência, Claudemir do Nascimento Santos acompanhou de perto a evolução de muitos atletas e da compreensão sobre esse universo. "A inclusão correta, feita de forma competente, existe há aproximadamente oito anos, em uma escala mundial. É recente o interesse de especialistas por esse setor, assim como também ainda há poucos estudos, pesquisas e trabalhos científicos sobre o desenvolvimento dos atletas", diz.
Atualmente, Claudemir é coordenador de atletismo no projeto Correndo para o Futuro, do Instituto Superar. Foi no atletismo que ele colecionou títulos e medalhas. "No Brasil, a partir de 2005, quando começou a surgir o interesse de empresas em patrocinar o esporte paralímpico, incentivados pela Lei Agnelo Piva, teve início uma evolução", comenta.
A atual força do esporte paralímpico brasileiro, na avaliação do treinador, é fruto de um trabalho constante de renovação, de investimento em jovens atletas, por meio de competições regionais, como as Paralimpíadas Escolares. "Nossa principal qualidade é a excelência em diversas modalidades".
Apesar do frequente sucesso em competições internacionais, Claudemir Santos afirma que ainda falta investimento na formação acadêmica dos atletas. "Precisamos investir na educação. A carreira de um competidor de alto rendimento é curta. Quando o atleta com deficiência finaliza essa fase, começa uma busca por colocação no mercado de trabalho, mas não houve incentivo à formação acadêmica. É fundamental minimizar os impactos dessa transição, porque qualquer esportista em nível de excelência tem uma capacidade construída em anos de esforço contínuo", diz.
Claudemir ressalta que a proximidade dos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, colocou as pessoas com deficiência "na moda", mas, em sua avaliação, isso pode ser perigoso. "Tem muita gente se apresentando como profissional do esporte paralímpico e enganando atletas. São pessoas sem preparação específica que podem provocar lesões muito sérias nos esportistas. É perigoso e preocupante", afirma o coordenador.
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