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Diversidade e Inclusão

"Ser diferente é melhor"

Marília Rosez precisou alterar totalmente sua rotina para enfrentar as sequelas da Esclerose Múltipla. Aos 22 anos, ela mudou de cidade e de atividade profissional. Seis anos depois, criou um blog para contar suas histórias. "Muita gente pensa que não conseguirá fazer mais nada se tiver um problema de saúde, mas isso não é verdade".

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Por Luiz Alexandre Souza Ventura
Atualização:

Marília Rosez criou o blog 'Meu Despertar na Cadeira de Rodas'. Imagem: Reprodução  


Palavras em outras línguas, pronúncias quase impossíveis em alemão ou finlandês, novos vocabulários e construções gramaticais em italiano. Marília Marques Cruz Vignard Rosez, de 28 anos, tem paixão por idiomas, estuda e aprende sozinha, sempre que possível, quando não está na piscina desafiando o corpo nas braçadas da natação, esticando os músculos nas sessões de fisioterapia ou ensinando inglês para alunos que vão até sua casa.

Em entrevista à AME - Amigos Múltiplos pela Esclerose, ela fala sobre sua mais recente investida no universo das letras, o blog 'Meu Despertar na Cadeira de Rodas', espaço criado há um mês para incentivar pessoas a enfrentarem as dificuldades de frente.

 

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"A ideia é transmitir coragem porque muita gente pensa que não conseguirá fazer mais nada se tiver um problema de saúde, mas isso não é verdade. Você consegue seguir em frente, mesmo que seja de maneira diferente", diz Marília, que tem Esclerose Múltipla. O diagnóstico foi confirmado quando ela cursava o sexto semestre da faculdade de Direito em São Paulo e fazia estágio voluntário no Juizado Especial Civel.

"Havia muito estresse envolvido naquele trabalho porque você conhece os problemas dos outros e precisa tentar resolver. A carga é muito forte para a cabeça de uma pessoa e, quando confirmou que eu tinha Esclerose Múltipla, o médico foi categórico e disse que eu não poderia continuar. Concordei".

 

A paixão pelo Direito permanece, mas Marília teve que fazer uma escolha. Providência fundamental foi mudar com a mãe para a cidade de Águas de São Pedro, no interior paulista, a 187 quilômetros da capital. Uma forma de evitar a agitação paulistana e garantir qualidade de vida para seguir com os tratamentos.

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Hoje, os olhos não funcionam como antes e o corpo fraqueja vez ou outra, o que a levou ao uso da cadeira de rodas, principalmente por segurança, porque a doença afetou primeiro as pernas, seis anos atrás. "Você pode até encontrar um jeito melhor de fazer suas coisas. O diferente pode ser melhor do que o 'normal'".

 

Marília conta que os médicos resistiram ao diagnóstico porque ela tinha uma ótima saúde, jamais havia demonstrado qualquer sinal de alguma doença, nem mesmo um simples resfriado. "Perguntaram se eu havia tomando a vacina da gripe do porco. Eu confirmei que foi justamente após tomar essa vacina que os problemas começaram, mas ninguém jamais relacionou o surto com a vacina".

O tempo livre é usado na pesquisa sobre a doença, novos tratamentos, e com o blog, onde ela conta detalhes da própria vida, destacando ideias e mostrando sua rotina na reabilitação, os resultados obtidos, os motivos que a levaram a frequentar uma academia e o que a natação possibilita.

"A vida não existe para você ficar deitado na cama, imaginando que não consegue fazer mais nada. Eu pensava assim, não acreditava que iria conseguir fazer o que faço hoje. Mas eu 'quebrei a cara'. E quando eu não consigo mais fazer algo, é hora de modificar, de fazer diferente. Porque estou viva, é possível, mesmo quando alguém tenta tirar a sua esperança, você precisa acreditar e continuar", conclui Marília.

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