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Diversidade e Inclusão

Tecnologia assistiva para mudar a vida das pessoas

Em entrevista ao #blogVencerLimites, a diretora comercial da Cavenaghi avalia o mercado brasileiro - na comparação com outros países - e destaca a ausência do poder público na reabilitação do cidadão e na inclusão social. A executiva explica a fase atual da empresa e a filosofia de trabalho, que motivou o nascimento da companhia e permanece até os dias atuais. Vice-presidente da Abridef, ela também comenta a recente mudança na isenção de ICMS para compra de carro novo.

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Por Luiz Alexandre Souza Ventura
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O desejo de ajudar um homem que teve a perna amputada no front italiano da 2ª Guerra Mundial. Assim nasceu, quase 50 anos atrás, a Cavenaghi, uma das principais empresas de tecnologia assistiva para mobilidade no Brasil.

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"A sensação de poder mudar a vida das pessoas está no nosso dia a dia", afirma Monica Lupatin Cavenaghi, diretora comercial da empresa que lançou recentemente o Pegasus, mecanismo que modifica substancialmente o acesso da pessoa com deficiência ao carro e permite conduzir o veículo sentado na cadeira de rodas.

"Temos um relacionamento com cada cliente e nossa meta é entender de que maneira podemos atender essa pessoa com deficiência, identificar o que ela precisa", comenta a executiva. "Esse conceito não está centralizado na adaptação do carro para a pessoa com deficiência, mas sim na mobilidade dessa pessoa", ressalta.


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Todos os produtos da Cavenaghi, nacionais e importados, são voltados exclusivamente para pessoas com deficiência. Além de fazer a adaptação de veículos e vender carros acessíveis, a empresa comercializa cadeiras de rodas (diversos tipos, com e sem motor), equipamentos para reabilitação, mecanismos para banheiros, camas hospitalares, colchões para camas motorizadas e travesseiros, poltronas, mesas, peças de reposição, tem uma linha pediátrica completa, acessórios como almofadas especiais, capas e dispositivos para mobilidade em casa (guincho de transrefência).

"O Pegasus é a primeira versão de uma solução que já existe nos Estados Unidos e na Europa. Queremos melhorar muito esse projeto para o público brasileiro", explica a diretora. "O objetivo é tornar o carro plenamente acessível, totalmente rebaixado, com espaço inteiro para mobilidade da cadeira de rodas. E a possibilidade da cadeira ficar na posição de motorista ou passageiro", ressalta Monica.

"Lá fora, essa transferência dos bancos dentro do carro faz parte do dia a dia das pessoas", conta a especialista. "Aqui no Brasil, essa evolução passa por burocracias e pela compreensão das autoridades de trânsito (Denatran) sobre essa tecnologia. Nossas instituições ainda estão aprendendo", diz.


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EMPREGO - A Cavenaghi tem menos de 100 funcionários e não precisa cumprir as exigências da Lei de Cotas (nº 8.213/1991). Apesar disso, como a empresa está absolutamente inserida nesse universo, se torna atrativa para trabalhadores com deficiência, e tem entre seus empregados uma especialista em marketing que é paraplégica.

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Sobre esse tema, a diretora comercial avalia que um dos pontos fundamentais para o sucesso profissional de um trabalhador com deficiência é a aceitação da deficiência.

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"Uma pessoa com deficiência que vai atender outras pessoas com deficiência precisa estar muito bem resolvida no que diz respeito à própria condição", define Monica. "Nossa mensagem básica é da saúde, da inclusão social, da alegria, da satisfação, centralizamos atenção na vida plena, após a constatação da deficiência", resume a executiva.

ECONOMIA - A diretora comercial da Cavenaghi afirma que o movimento da economia nacional e as crises financeiras que o Brasil e o mundo têm enfrentado atingem a companhia. "Trabalhamos com muitos itens importados e os preços oscilam. Quando há alta de dólar e euro, temos de repassar para os valores dos nossos produtos. E os clientes sentem essa mudança", comenta.


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MERCADO BRASILEIRO - Para Monica Cavenaghi, um dos principais problemas do mercado brasileiro, diferente dos países desenvolvidos, é a ausência do Estado pagando pela reabilitação e pela inclusão social do cidadão.

"O preço da tecnologia assistiva assusta e isso é compreensível. Custa caro mesmo. Agora, lá fora também é igualmente caro. A média de preços em dólar, aqui e nos outros países, é equivalente. Isso vale para cadeira de rodas ou para adaptação veicular. A diferença é que lá fora os grandes compradores são o Estado e os seguros saúde. Isso modifica totalmente o mercado e cria economia de escala", avalia a diretora.

Monica Cavenaghi cita eventos do setor na Europa e nos Estados Unidos, como a REHACARE (International Trade Fair for Rehabilitation and Care) e a Medtrade (Home Medical Equipment Expo & Conference), as duas maiores feiras internacionais do segmento, e compara com a Reatech (Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade), principal encontro desse mercado no Brasil

"São eventos gigantes que formam uma retrato do mercado externo. E esse mercado não e muito maior porque há mais pessoas com deficiência. Isso acontece porque, nos outros países (Estados Unidos, Europa, Ásia) o Estado é o grande comprador", complementa a diretora.

"O mercado brasileira ainda é um pouco amador. Estamos muito abaixo de uma profissionalização verdadeira, mas isso pode mudar totalmente quando o poder público começar a pagar a conta", defende Monica.

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"Ainda assim, não podemos deixar de destacar que estamos no Brasil, um país com imensas dificuldades sociais, econômicas, culturais e políticas. Quando observamos o caminhar da sociedade brasileira, que é muito sofrida, e comparamos com a caminhada da inclusão social, temos duas curvas radicalmente diferentes. A evolução da inclusão social está muito mais acelerada do que a própria evolução da sociedade como um todo. Temos um governo que não oferece saúde básica ou saneamento à população", ressalta a executiva.


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ICMS - Monica Cavenaghi é vice-presidente da Abridef (Associação Brasileira da Indústria, Comércio e Serviços de Tecnologia Assistiva) e comentou a recente aprovação no Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), órgão ligado ao Ministério da Fazenda, do Convênio ICMS-50/18, que alterou para quatro anos o intervalo para pessoas com deficiência renovarem o pedido de isenção do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) na compra de carro novo.

"A Cavenaghi é totalmente envolvida na causa da pessoa com deficiência no Brasil. Há 50 anos, acompanhamos esse processo. E, para a causa, essa aprovação preocupa muito. A isenção de ICMS e IPI para os carros está ligada à dificuldade de locomoção com o transporte público, muito deficitário em nosso País, e ligada também ao alto custo da tecnologia assistiva, na medida em que o cidadão para a própria conta. E cada vez que se reduz direitos, a parcela da população prejudicada é aquela que tem um custo de vida muito aumentado, na comparação com o indivíduo sem deficiência. Trata-se de uma equiparação de oportunidades", comenta a diretora.

"O departamento jurídico da Abridef está analisando essa mudança para verificar quais caminhos seguir, dentro do conceito de direito adquirido. É importante haver um movimento da sociedade civil, especialmente das instituições que representam as pessoas com deficiência. Porque foi uma retidada de direitos", conclui Monica Lupatin Cavenaghi.

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