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Diversidade e Inclusão

Vencer Limites na Rádio Eldorado - 16

A coluna Vencer Limites na Rádio Eldorado FM (107,3) vai ao ar toda terça-feira, às 7h20, ao vivo, no Jornal Eldorado.

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Foto do author Luiz Alexandre Souza Ventura
Por Luiz Alexandre Souza Ventura
Atualização:


Neste 16º episódio da coluna Vencer Limites na Rádio Eldorado FM, falo sobre a incompetência e a negligência na condução da saúde pública, e o reflexo disso na vida da população mais vulnerável, o que se torna ainda pior quando isso atinge pessoas com deficiência, com doenças raras e com doenças crônicas.

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O enfrentamento da pandemia reforçou a importância do Sistema Único de Saúde. Sabemos como o SUS é fundamental no Brasil, onde 75% da população não têm plano de saúde.

O problema não está no sistema, mas nas pessoas que tomam as decisões, que comandam esse trabalho. Não está no desenho da estrutura, mas no sucateamento, no uso incompetente dos recursos, do dinheiro público que deveria ser aplicado para garantir que todo o sistema funcionasse bem e todas as pessoas fossem bem atendidas.

Quando há bom atendimento, porque isso existe, nós celebramos, mas quando esse atendimento é incompetente e negligente, temos que cobrar respostas.

Em Valparaíso de Goiás, André Borges das Neves, de 37 anos, enfrenta problemas sérios de saúde e um envelhecimento precoce, ainda sem causa definida, que compromete mobilidade, coração, pulmões e rins.

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Sem condições de trabalhar, ele não conseguiu mais pagar o plano de saúde e procurou a rede pública municipal, está em uma lista de espera, sem previsão de atendimento.

Cobrei explicações da Prefeitura de Valparaíso de Goiás. Esperei um mês para publicar a reportagem. E a Prefeitura não deu resposta para mim ou para o André, apenas ignorou o assunto e o cidadão André Borges das Neves, porque não dá nenhuma informação.

Qual tipo de administração pública pisa na saúde do cidadão e deixa uma pessoa com graves problemas sem qualquer expectativa? O que dizem a Ouvidoria Pública de Valparaíso de Goiás e o Ministério Público? O que dizem os vereadores da cidade? O que dizem os deputados estaduais, os deputados federais e os senadores que foram eleitos com votos da população de Valparaíso de Goiás?


 


Outro exemplo de como a incompetência e a negligência na condução da saúde pública atingem com violência a população vulnerável é a situação enfrentada por pessoas com esquizofrenia que tomam remédios de alto custo distribuídos pelas farmácias estaduais conveniadas ao SUS.

Segundo levantamento da Associação Mãos de Mães de Pessoas com Esquizofrenia (AMME), que atende aproximadamente quatro mil famílias de todo o País, a distribuição de três medicamentos nessa rede - clozapina, quetiapina e olanzapina, que são antipsicóticos - está interrompida em dez estados (AL, BA, CE, MG, MT, PI, RJ, RS, SE e SP).

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Cada caixa de cada um desse remédios, com 30 comprimidos ou cápsulas, custa, em média, R$ 300, quando é genérico, e alguns pacientes tomam seis comprimidos ou cápsulas por dia. No Brasil, diz a associação, são 2 milhões de pessoas com esquizofrenia, com uma média de 80% atendidas pelo SUS.

O Ministério da Saúde afirmou em nota que atendeu 100% da demanda das secretarias estaduais de Saúde e do Distrito Federal para outubro, novembro e dezembro. E que aguarda assinatura do novo contrato com os laboratórios produtores, com pedido de adiantamento das entregas.

O médico psiquiatra e professor Ary Gadelha, da Unifesp explixa que cada crise psicótica pode agravar ainda mais a doença, afetando o funcionamento do cérebro.


"A associação tem ajudado com doação de alguns medicamentos. Uma caixa custa R$ 300", diz presidente da AMME. Foto: Arquivo Pessoal / Sarah Nicolleli.


Na dica de livro, falo sobre o trabalho do Antônio Silva, de 29 anos, jornalista, escritor, pessoa com deficiência e pesquisador que comanda o projeto Deficiência em Foco nas redes e participa do blog Casadaptada.

Os textos do Antônio estão no e-Book 'Sentado Tu é Normal e Outras Crônicas', publicado pelo próprio autor no sistema Kindle Direct Publishing, ou KDP, à venda na Amazon.

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Antônio diz que a ideia do livro é propor uma abordagem leve e reflexiva sobre temas ligados às pessoas com deficiência. O ebook tem formato acessível, com fonte maior e o áudio. Além das crônicas, tem o link para os artigos do Antônio publicados em revistas científicas brasileiras.

A arte da capa é muito bacana, criação do designer e ilustrador Gê Mendes, artista mineiro que vive em Três Coroas (RS), mostra o Antônio com sua loga barba, sentado na grama com um caderno na mão, vestindo camiseta , calça jeans e tênis. Bastante descolado.


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