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Diversidade e Inclusão

Vencer Limites na Rádio Eldorado - 26

A coluna Vencer Limites na Rádio Eldorado FM (107,3) vai ao ar toda terça-feira, às 7h20, ao vivo, no Jornal Eldorado.

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Foto do author Luiz Alexandre Souza Ventura
Por Luiz Alexandre Souza Ventura
Atualização:

 


Há muitos relatos de pessoas com deficiência presas dentro das próprias casas ou em instituições, escolas, internatos e hospitais. Alguns grupos que conseguiram fugir, mas muita gente precisa de resgate.

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Nesse cenário terrível, são as mulheres que agem e tomam à frente de ações. Cito algumas.

Larysa Bayda, integrante da Assembleia Nacional das Pessoas com Deficiência da Ucrânia, que permanece no país e tem divulgado informações, apesar de todas as dificuldades.

Anna Landre, mulher com deficiência, integrante da The Partnership, dos Estados Unidos, que coordena trabalhos de resgate de pessoas com deficiência na Ucrânia.

Vladlena Salnykova, médica chefe do Hospital Neurológico Infantil nº 5 de Kharkiv. Ela está no hospital, junto com 25 crianças e adolescentes que têm deficiências de causas neurológicas e sequelas severas.

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Tanya Herasymova, mulher com deficiência, coordenadora do 'Fight For Our Right', refugiada na Polônia, onde trabalha para arrecadar recursos e reunir voluntários para montar operações de resgate.

Larissa Leonidovna e Viktoria Mikolayivna, diretoras de dois orfanatos de Kiev que conseguiram levar 216 pessoas, o que inclui crianças com deficiência e seus acompanhantes, até a Hungria.

Joni Eareckson Tada, americana, tetraplégica, fundadora da Joni and Friends, na Califórnia (EUA), organizou uma operação e retirou da Ucrânia 35 pessoas com deficiência.

Yulia Klepets, que está com a mãe, de 82 anos, e a filha Aryna, de 25 anos, autista, isoladas no sétimo andar de um prédio residencial sem elevador, convivendo com a aproximação dos bombardeiros da Rússia.

São apenas sete exemplos das mulheres que têm de ser destacadas nesta data simbólica (8 de março, Dia Internacional da Mulher).

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Algo me chama a atenção e me incomoda muito. Parece haver uma total indiferença ao que ocorre neste momento com quase 3 milhões de pessoas com deficiência, que não têm qualquer chance de defesa diante de exércitos fortemente armados, ataques aéreos, bombas, tiros e outros atos de extrema violência.

Por que pessoas com deficiência, instituições, parlamentares e os influenciadores com deficiência não se manifestam?

São pouquíssimos comentários, posts, stories, vídeos, textos e compartilhamentos a respeito da situação terrível que acompanhamos diariamente.

Como seria no Brasil, se fôssemos atacados por uma grande força militar internacional sem motivos concretos? Como nossa precária acessibilidade e a invisibilidade das pessoas com deficiência em nosso País afetariam os trabalhos de resgate e de retirada da população das regiões de conflito, das cidades, dos bairros?

Certamente, haveria gritos por socorro, como há na Ucrânia, mas quem responderia?

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O mundo tem 1 bilhão de pessoas com deficiência. Muitas instituições tentam ajudar a Ucrânia. Há muitas campanhas para arrecadar recursos.

O Brasil tem 17 milhões de habitantes com deficiência. Parece que enxergam mais nada além do próprio perfil.


Livro está à venda na página do Estúdio Aspas. Foto: Divulgação.


Na dica de livro, 'A Princesa que Não Sabia as Palavras', escrito por Bruna Burkert, atriz, dramaturga, produtora e arte-educadora, especialista em acessibilidade cultural, pós-graduada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. É fundadora do Instituto RIA e faz parte do Grupo Ciclistas Bonequeiros.

Com curso e a pesquisa que a Bruna fez, em 2015, com financiamento do Ministério da Cultura, por meio de uma bolsa de estudos, ela entrou no teatro inclusivo e aprofundou o conhecimento sobre o uso da Língua Brasileira de Sinais.

Depois, em 2019, Bruna Burkert escreveu uma peça de teatro chamada 'A Princesa que Não Sabia as Palavras', para fomentar o debate sobre Libras e difundir essa língua. A protagonista da história é surda.

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Com a pandemia, a peça se transformou em vídeo, que levou Bruna a escrever o livro 'A Princesa que Não Sabia as Palavras', financiado pelo Programa de Ação Cultural do governo do Estado de SP, o ProAC.

O livro tem texto em português e legendas em Libras, criadas pela ilustradora surda Alice Rodrigues, tem QR Code que encaminha para a página de acesso ao audiolivro, com audiodescrição das imagens e vídeos em Libras.

Destaque para o projeto gráfico e as ilustrações, feitas pelo artista Chris Oliveira.

Foi publicado em 2021 e está à venda na página do Estúdio Aspas, que é um editorial de publicação independente.


Bruna Burkert, atriz, dramaturga, produtora e arte-educadora, especialista em acessibilidade cultural, pós-graduada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. É fundadora do Instituto RIA e faz parte do Grupo Ciclistas Bonequeiros. Foto: Reprodução.


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