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Diversidade e Inclusão

Vendo no Escuro

Geilson é cego e lançou um canal no Youtube para falar sobre seu dia a dia no curso de pedagogia na Universidade Federal do Ceará. Também administra um grupo no Whatsapp criado para pessoas com e sem deficiência trocarem experiências e conhecimento sobre acessibilidade e inclusão. Ele fala ao #blogVencerLimites sobre a falta de recursos acessíveis nos espaços públicos, na TV e na internet. "O braile não é valorizado e pouco se fala sobre audiodescrição".

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Foto do author Luiz Alexandre Souza Ventura
Por Luiz Alexandre Souza Ventura
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"A acessibilidade para pessoas com deficiência visual é muito precária. Vez ou outra, encontramos um sinal sonoro ou um piso tátil. E quando encontramos, o sinal está quebrado e o piso é de baixa qualidade, que você sente somente se estiver descalço", diz o estudante Geilson de Sousa Santos, de 25 anos, que é cego e cursa o primeiro ano de pedagogia na Universidade Federal do Ceará (UFC).

Para celebrar a chegada à faculdade e compartilhar suas experiências diárias em uma sociedade repleta de barreiras, ele criou no Youtube o canal 'Vendo no Escuro com Geilson Sousa'. No vídeo mais recente, publicado no Dia dos Professores, ele narra a entrega de um trabalho em braile e faz uma homenagem ao docentes que participaram de sua formação.


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"Nasci com baixa visão, provocada pela Retinose Pigmentar, enxergando somente pelas laterais, a apenas 21 centímetros de distância. A perda total foi aos 15 anos", conta o estudante. "Cursei uma parte do ensino básico no Instituto dos Cegos (EEF - Escolas de Ensino Fundamental - Escola Pública Estadual) e, a partir do sexto ano, frequentei duas escolas regulares", diz.

Geilson também administra um grupo no Whatsapp chamado 'Universidade Helen Keller' - referência à escritora, conferencista e ativista social norte-americana que foi a primeira pessoa surdocega a conquistar um bacharelado - do qual participam pessoas com e sem deficiência que debatem, trocam experiências e compartilham conhecimento sobre acessibilidade e inclusão. Para ser incluído, mande mensagem para wa.me/5585986233129 ou vendonoescuro@outlook.com.


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BRAILE - "Nos supermercados e restaurantes não há nada em braille. Nosso sistema de leitura e escrita não é valorizado", afirma Geilson. "Na TV, pouco se fala sobre a audiodescrição. Muitos cegos nem sabem ativar essa funcionalidade. Há pouca informação sobre o assunto", ressalta. "Em eventos culturais, é raro ter audiodescrição e, quando tem, isso não é divulgado", alerta o jovem.

ACESSIBILIDADE DIGITAL - Geilson Sousa critica também a falta de interesse em oferecer recursos acessíveis para pessoas com deficiência visual na internet. "Na maioria dos sites, as imagens não são descritas. Para fazer um pagamento, fazer compras, inscrição no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), no Sisu (Sistema de Seleção Unificada) ou em qualquer outro vestibular, as páginas não estão acessíveis aos leitores de tela", destaca o estudante.

REPRESENTATIVIDADE - "A mídia mostra pessoas com deficiência vencendo os obstáculos da vida, superando limites através do esporte e da arte, mas não ensina a sociedade lidar conosco. Existem muitos mitos ao nosso respeito. As novelas pouco abordam essa temática e, quando abordam, a pessoa com deficiência é mostrada como um ser imaculado, santo, bonzinho e não como um ser humano, sujeito a falhas e fraquezas. A pessoa com deficiência nunca é protagonista, é sempre coadjuvante. E os atores que interpretam essas personagens, na maioria das vezes, não têm deficiência. Não vemos apresentadores com deficiência comandando programas, algo que deveria ser natural", conclui Geilson Sousa.

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