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Diversidade e Inclusão

'Volúpia da Cegueira'

Espetáculo que estreia neste fim de semana em São Paulo trata da sexualidade das pessoas com deficiência, especialmente com deficiência visual. Peça tem interpretação em Libras e audiodescrição. Público recebe vendas para os olhos e participa de uma experiência sensorial que desmonta os conceitos estabelecidos sobre a intimidade de quem não enxerga. Elenco, diretor da peça e diretor do teatro falam ao #blogVencerLimites sobre acessibilidade, inclusão na cultura e a importância da Lei Rouanet para as produções acessíveis.

Foto do author Luiz Alexandre Souza Ventura
Por Luiz Alexandre Souza Ventura
Atualização:

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Debater a sexualidade na vida dos cegos e eliminar os estigmas de que as pessoas com deficiência têm uma vida sexual diferente. Essa é a principal proposta do espetáculo 'Volúpia da Cegueira', que estreia neste fim de semana no Teatro J. Safra, em São Paulo, com três sessões especiais a partir desta sexta-feira, 5, até domingo, 7.

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A montagem tem interpretação em Libras (Língua Brasileia de Sinais) e audiodescrição, além de todos os recursos de acessibilidade do prédio. No início da sessão, o público recebe vendas para os olhos para participar da experiência de escuridão vivida pelos autores, em uma vivência sensorial que desmonta os conceitos estabelecidos sobre a intimidade de quem não enxerga.

A peça é contemplada pelo Programa Petrobras Distribuidora de Cultura, em parceria com o Ministério da Cultura. Após cada apresentação, elenco e produção participam de um bate-papo com o público, artistas e grupos locais.


 Foto: Estadão


"Esse estigma da sexualidade das pessoas com deficiência é uma inverdade absoluta, comprovada com os depoimentos e com o relacionamento entre nós durante todo o processo, além de ser historicamente comprovado de que não há nenhuma relação direta com isso", afirma Alexandre Lino, diretor da peça.

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"A Universidade de São Paulo (USP) tem um tratado que também serviu de matéria-prima para o nosso trabalho. Então, o debate está nesse campo de total igualdade, evidenciado que a cegueira não determina automaticamente a posição de alguém em relação à vida e muito menos no campo da sexualidade", comenta Lino. "Isso depende exclusivamente do desejo e não da condição", ressalta o diretor.

No elenco estão Moira Braga e Felipe Rodrigues, que são cegos, além de Max Oliveira e Aléssio Abdon, ambos sem deficiência visual. Na peça, as personagens não são identificas por suas deficiência, exatamente para propor ao público uma troca de papéis e uma reflexão.

"Para esse trabalho, com essa especificidade, fomos buscar dois atores com deficiência visual. Os quatros atores vivem isso na peça. É uma imersão nesse universo da sexualidade na vida dos cegos, pedia atores com um grau de sensibilidade e potência, sem amarras, sem pré-julgamentos, disponíveis para tratar de sexo e de suas diversas possibilidadesde, tema que é tabu sempre, seja na vida dos cegos ou não", explica o diretor do espetáculo.


 Foto: Estadão


Felipe Rodrigues é um dos atores cegos. Sua carreira no teatro teve início na escola, aos 12 anos. "Nessa época, o Instituto Benjamin Constant, onde eu estudava, estava começando a reunir pessoas para o elenco de uma peça infantil. Sempre gostei de arte, só não sabia que poderia me inserir nesta prática. Depois desta peça, não parei mais", conta o artista.

"Além de 'Volúpia', só fiz uma peça que retratava a deficiência visual. Já trabalhei em espetáculos que retratavam vários temas, nem sempre ligados às questões de deficiência", ressalta Rodrigues.

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"Acessibilidade é algo fundamental para podermos levar e receber informação igualitária. Com os recursos certos, podemos acompanhar o cenário cultural como todo mundo e ter mais subsídios para fazer nossos próprios julgamentos", diz. "Há evolução e estamos no caminho certo, mas essa é uma questão que ainda precisa ser muito mais difundida", completa o ator.


 Foto: Estadão


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O diretor Alexandre Lino destaca as normativas do Ministério da Cultura, em especial quando os projetos são beneficiados pela Lei Rouanet. "Questionam tanto, mas é a lei que nos dá o suporte para que possamos trabalhar com esse estrutura", comenta.

"É uma lei fundamental para nós artistas e ela sempre tem essa preocupação com acessibilidade, sejam dos espaços físicos, ou seja, dos teatros, que têm que ter obrigatoriedade e cumprir essas normativas, e os espetáculos, que também têm que apresentar ao público essas possibilidade de assistir com interprete de libras ou com áudio e descrição e aí o espetáculo torna-se acessível a todas as pessoas sem qualquer restrição.

Lino afirma que, se o espetáculo não é incentivado, torna-se muito difícil incluir recursos acessíveis. "Temos certa dependência dos incentivos", revela o diretor. "Essa inclusão cria um custo muito alto que, sem aporte, não há condições de oferecer essas outras leituras. É fundamental que haja", ressalta Alexandre Lino.

"É interessante perceber que a Lei Rouanet, pelo Ministério da Cultura, cuida disso com bastante afinco, no sentido de cobrar de acordo com as normas", conclui.

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 Foto: Estadão


COMPARTILHADO - Para Eduardo Figueiredo, diretor do Teatro J. Safra, a responsabilidade sobre a acessibilidade é compartilhada. "Na verdade, é da sociedade, de uma maneira geral. Equipamentos e produtores culturais têm feito um excelente trabalho para atender e receber esse público', diz o responsável pela casa de espetáculos, que tem toda a estrutura prevista e equipe preparada para receber as pessoas com deficiência.

Para Figueiredo, todos perdem quando não há investimentos em recursos de acessibilidade. "Precisamos humanizar nossa sociedade. E nós, responsáveis por receber esse público, apesar das adversidades e limitações financeiras, buscamos atender da melhor maneira possível. Esse público também é consumidor de cultura e aprecia projetos culturais e entretenimento", define.

"Ainda há muito que fazer, mas percebo cuidado e preocupação com esse aspecto entre equipamentos culturais e produções. Em uma análise comparativa com o que tem sido feito em escolas e na educação em geral, na saúde, com informações sobre as demandas e necessidades das pessoas com deficiência, há muito pouco avanço e a cultura saiu na frente", reflete Figueiredo.

"Até pelas normativas e exigências rígidas das leis de incentivo para cumprir essa função. É preciso parar de tratar direitos como favores. Todos pagam impostos. Então, o governo deve garantir as demandas das pessoas com deficiência, assim como de outros grupos excluídos da sociedade, como em qualquer outro pais que tem o humano, o indivíduo, como foco", completa o diretor do Teatro J. Safra.

SERVIÇO 'Volúpia da Cegueira' Direção: Alexandre Lino Texto: Daniel Porto Elenco: Moira Braga / Aléssio Abdon / Felipe Rodrigues / Max Oliveira Local: Teatro J. Safra - www.teatrojsafra.com.br

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SESSÕES ESPECIAIS DE ESTREIA Horários: - sexta-feira - 21h30 - sábado - 19h - domingo - 18h

PREÇOS Plateia - R$ 20,00 Mezanino - R$ 10,00 Mezanino (visão parcial) - R$ 5,00

Endereço: Rua Josef Kryss, nº 318 - Barra Funda - São Paulo/SP Telefone: (11) 3611-3042 Capacidade; 627 lugares Abertura da Casa: duas horas antes de espetáculo

ESTACIONAMENTO Valet Service do teatro - R$ 25,00


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