Com 177 mortos e 133 desaparecidos, rompimento de barragem marca as rotinas das famílias na cidade; trabalho de resgate é cada vez mais difícil
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Por Giovana Girardi e Leonardo Augusto
Atualização:
“Para quem vamos dar presente no Dia dos Pais?”, perguntam dois meninos angustiados com o futuro. “Pra mim”, tenta aliviar a mãe. O diálogo se dá no Parque da Cachoeira, comunidade atingida pela lama da barragem da Vale que rompeu em Brumadinho (MG). Quem pergunta são os filhos de Flaviano Fialho, de 34 anos, funcionário da Vale, cujo corpo foi achado em 27 de janeiro, dois dias após a tragédia.
Com 9 e 6 anos, os garotos têm feito muitas perguntas à mãe, Fernanda Fialho, de 31 anos. A lembrança está em casa, mas também nos arredores. Uma língua formada pela onda de rejeitos, de aproximadamente 100 metros, pode ser vista no local. De um lado, casas que chegaram a ter meio metro de lama em suas paredes. No meio, residências cuja existência só se constata porque é possível ver seus telhados. Uma estrada interrompida surge do outro lado.
Veja imagens do rompimento de barragem de rejeitos da Vale em Brumadinho
1 / 37Veja imagens do rompimento de barragem de rejeitos da Vale em Brumadinho
Tragédia em Minas Gerais
A Agência Nacional de Mineração (ANM) declarou que a mineradora Vale vistoriou, em dezembro de 2018, estrutura da barragem de Brumadinho sem ter apont... Foto: Washington Alves/ReutersMais
Moradores
É comum ver imagens de moradores de Brumadinho olhando para o horizonte em silêncio Foto: Mauro Pimentel/AFP
Catástrofe ambiental e humana
Bombeiro recolhe gaiolas no meio do mar de lama da catástrofe de Brumadinho. Foto: Adriano Machado/Reuters
Animais
Equipes de resgate voluntáriastentaramsalvar a vaca que esta atolada na lama de rejeitos de ferro. O animal teve que ser sacrificado. Foto: Wilton Junior/Estadão
Dificuldade no resgate
Bombeiros têm dificuldade de acessar algumas áreas para fazer o resgate dos sobreviventes Foto: Douglas Magno/AFP
Tragédia em Minas Gerais
Uma barragem de rejeito se rompeu em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte. Foto: Douglas Magno/AFP
Tragédia em Minas Gerais
Lama destruiu estrada em Brumadinho. Foto: Washington Alves/Reuters
Tragédia em Minas Gerais
A tragédia aconteceu na altura do km 50 da Rodovia MG-040. Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
Tragédia em Minas Gerais
As barragens pertencem à mineradora brasileira Vale. Foto: Washington Alves/Reuters
Catástrofe ambiental e humana
Bombeiros tentam, sem sucesso, resgatar uma vaca atolada após rompimento de barragem. Foto: Adriano Machado/Reuters
Tragédia em Minas Gerais
Segundo informações do site da Vale sobre as barragens da região, a estrutura que se rompeu foi construída em 1976. Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
Tragédia em Minas Gerais
A prefeitura de Brumadinho pediu que a população mantenha distância do leito do Rio Paraopeba, que é um afluente do São Francisco. Foto: Douglas Magno/AFP
Tragédia em Minas Gerais
A Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), responsável pelo abastecimento de água na região metropolitana de Belo Horizonte, afirmou que não ... Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas GeraisMais
Tragédia em Minas Gerais
Segundo a Vale, a área administrativa, onde estavam os funcionários, foi atingida, assim como a comunidade da Vila Ferteco. Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
Tragédia em Minas Gerais
Os bombeiros enviaram equipes com policiais civis e militares, além de enfermeiros e medicamentos. Foto: Washington Alves/Reuters
Tragédia em Minas Gerais
Kombi foi soterrada pela lama após o rompimento da barragem em Brumadinho. Foto: Washington Alves/Reuters
Tragédia em Minas Gerais
Casa foi destruída e foi soterrada pela lama após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho. Foto: Washington Alves/Reuters
Tragédia em Minas Gerais
O governo federal montou um gabinete de crise em Brumadinho. Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
Tragédia em Minas Gerais
Moradores de Brumadinho observam a lama que atingiu a cidade. Foto: Washington Alves/Reuters
Tragédia em Minas Gerais
No município de Brumadinho vivem cerca de 40 mil pessoas. Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
Tragédia em Minas Gerais
O rompimento das barragens da Vale aconteceu na tarde de 25 de janeiro de 2019. Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
Tragédia em Minas Gerais
O presidente Jair Bolsonaro fez pronunciamento no Palácio do Planalto, em Brasília, sobre a tragédia em Brumadinho. Foto: Ernesto Rodrigues/Estadão
Presidente Bolsonaro
Presidente Jair Bolsonaro observa destruição causada após rompimento de barragem da Vale em sobrevoo a Brumadinho Foto: Isac Nóbrega/Presidência da República
Tragédia em Minas Gerais
Voluntários trazem doações para as vítimas da tragédia em Brumadinho. Foto: Paulo Fonseca/EFE
Tragédia em Minas Gerais
Bombeiros retomaram os trabalhos na manhã deste sábado, 26. Foto: Corpo de Bombeiros de Minas Gerais
Tragédia em Minas Gerais
Fernando Nunes de Araujo é uma das dezenas de pessoas que começam a chegar na faculdade ASA de Brumadinho, onde deve ser divulgada a primeira lista de... Foto: Wilton Junior/EstadãoMais
Tragédia em Minas Gerais
Fernando Nunes de Araujo é uma das dezenas de pessoas que começam a chegar na faculdade ASA de Brumadinho, onde deve ser divulgada a primeira lista de... Foto: Wilton Junior/EstadãoMais
Batalha pela Vida
Bombeiros voltam enlameados após resgate em uma das áreas atingidas pelorompimento da barragem de rejeitos de Brumadinho, em Minas Gerais. Foto: Wilto...Mais
Estrada
Moradores observam trabalho dos bombeiros em estrada bloqueada pela lama em Brumadinho (MG) Foto: Wilton Junior/Estadão
Carro atolado
Um carro ficou atolado e destruído no meio da lama após o rompimento de barragem em Brumadinho (MG) Foto: Wilton Junior/Estadão
Helicoptero
Um helicóptero sobrevoa a cidade de Brumadinho, buscando vítimas após o rompimento da barragem Foto: Wilton Junior/Estadão
Bombeiros tentam encontrar sobreviventes em Brumadinho
Bombeiros tentam encontrar sobreviventes em Brumadinho após rompimento de barragem Foto: Washington Alves/Reuters
Corpo encontrado
Bombeiros carregam o corpo de uma das vítimas do rompimeto da barragem em Brumadinho até posto montado em frente da Igreja de Nossa Senhora das Dores Foto: Wilton Júnior/Estadão
Ponte
Ponte arrastada pela lama nas proximidades da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, MG, de propriedade da Vale Foto: Antonio Lacerta/EFE
Área devastada
Área devastada pela lama após o rompimento da barragem do Córrego do Feijão,de propriedade da mineradora Vale Foto: Wilton Júnior/Estadão
Equipe de resgate
Grupo de resgate caminha sobre a lama em busca de vítimas do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, emBrumadinho (MG), de propriedade da Vale Foto: Antonio Lacerda/EFE
Resgate aéreo
Equipe de resgate usa helicóptero para procurar vítimas do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), de propriedade da Vale Foto: Giazi Cavalcante/Código 19
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A tragédia de Brumadinho completa um mês nesta segunda com saldo de 177 mortos já identificados e 133 desaparecidos (contabilizados até sábado), uma cidade com várias comunidades ainda tomadas pela lama e uma população desnorteada, tentando retomar sua vida, mas ainda sem saber para onde ir. A maior parte das vítimas já identificadas é homem (77%), pai, trabalhador da mineração, o que torna ainda mais difícil a recuperação da cidade.
A Vale anunciou nesta sexta-feira, 22, que manterá por um ano, ou até que seja fechado um acordo definitivo de indenização, o pagamento de 2/3 dos salários de todos os empregados próprios e terceiros que morreram.
Enquanto isso, muitas famílias ainda aguardam um corpo para enterrar – busca cada vez mais complexa. Máquinas estão sendo mais usadas e estão sendo feitos trabalhaos de dragagem nos pontos ainda alagados.
"Também aprimoramos o nosso cruzamento de dados para poder identificar melhor onde poderiam existir edificações que não foram totalmente destruídas pela lama. Foi assim que conseguimos acessar nesta semana o almoxarifado, onde conseguimos tirar corpos de lá. Era uma estrutura que a gente sabia que existia, mas não tinha conseguido acessar e não sabia qual era a situação da construção, se estava totalmente destruída ou não", afirma o tenente Pedro Aihara, porta-voz dos Bombeiros.
Segundo ele, as principais dificuldades permanecem no fato de que são necessárias escavações muito profundas e nos danos causados pelo impacto. "Às vezes temos de vencer 10, 15 metros de lama. E como a onda destruiu a maior parte das estruturas, os corpos são espalhados ou lançados em distância muito grande ou às vezes até destruídos. Identificar um corpo no meio da lama fica ainda mais difícil”, afirma. Exames de DNA têm ajudado na identificação das vítimas.
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Ele explica que até sexta-feira os Bombeiros haviam feito mais de 300 recuperações. "Isso envolve cadávares, mas também segmentos de corpos e muito desse material recuperado ainda não foi identificado. À medida que avança o processo de identificação por DNA, vai aumentar também significativamente o nímero de óbitos. Mas não estamos mais falando em quantidades de corpos sem identificação porque mais de um segmento pode pertencer à mesma pessoa", explica o tenente.
Rio Paraopeba
E a lama avança pelo Rio Paraopeba. Nesta sexta-feira, 22, o governo de Minas estendeu a área onde não é recomendado usar a água sem tratamento. Antes, era até a cidade de Pará de Minas, a cerca de 75 quilômetros de Brumadinho. Agora, o veto vai até Pompéu, a 200 quilômetros.