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12 policiais indiciados por achaques

Corregedoria da Polícia Civil acusa também 3 informantes de extorquirem dinheiro de megatraficante

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Por Marcelo Godoy
Atualização:

A Corregedoria da Polícia Civil indiciou mais 12 policiais e três informantes por causa dos achaques contra integrantes da quadrilha do traficante colombiano Juan Carlos Ramirez Abadía. Entre os indiciados estão dois delegados: Irani Guedes e Pedro Luiz Pórrio. Ambos, que trabalhavam no Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) quando os achaques e sequestros ocorreram, alegam inocência. Com os novos indiciamentos, já são 21 os acusados pelos achaques contra o grupo de Abadía - outros dois policiais também serão indiciados. Líder do cartel do Norte do Vale, Abadía foi preso por policiais federais em São Paulo, em agosto de 2007. Um ano depois, após ser condenado a 30 anos de prisão no Brasil por lavagem de dinheiro, Abadía foi extraditado para os Estados Unidos, onde é acusado de homicídios e tráfico de drogas. Antes de embarcar, o colombiano gravou um depoimento detalhando as extorsões. Disse que para acabar com o tráfico em São Paulo bastava fechar o Denarc. Há dois meses, a corregedoria indiciou a primeira leva de policiais acusados. Na manhã de ontem foi a vez do delegado Guedes. Ele é acusado de envolvimento no sequestro de Henry Edval Lagos, o Patcho, um traficante colombiano que foi solto depois do pagamento de resgate de US$ 280 mil. Além do delegado, nesse caso, também foram indiciados outros quatro investigadores do Denarc e um de Diadema, além de três informantes. A ideia do achaque teria surgido quando o investigador Pedro Paulo Rodrigues Oliveira, que trabalhava em Diadema, soube que Patcho participava de corridas no Kartódromo de Aldeia da Serra, em Barueri, na Grande São Paulo. Patcho era um dos responsáveis por movimentar a fortuna de Abadía no Brasil e na Colômbia. Segundo promotores e delegados, Oliveira começou a investigar o traficante com o objetivo de recolher informações para as extorsões. Em maio de 2006, o investigador contou o que sabia para dois colegas. Eles teriam decidido sequestrar o traficante. Mas como eram poucos para fazer o achaque, Oliveira teria decidido pedir ajuda a um colega do Denarc. Foi então que, segundo os corregedores, entrou na história o investigador Francisco Carlos Vintecinco. Ocorre, de acordo com a investigação, que os policiais do Denarc "traíram" seus colegas, passando-os para trás. Os homens do Denarc sequestraram Patcho e o levaram até a sede da empresa La Bella, em Indianópolis, na zona sul de São Paulo. Os policiais saberiam que a empresa pertencia "ao bando de Abadía". O valor do resgate foi negociado por meio do aparelho de telefone do vigia da empresa. Abadía entregou o dinheiro a seu amigo, o empresário Daniel Braz Maróstica, para que ele levasse aos policiais. Assustado com a virulência e o apetite dos policiais, Patcho deixou o Brasil logo em seguida. Os corregedores indiciaram o policial de Diadema, cinco do Denarc e três informantes neste caso. Outros dois policiais do departamento devem ser indiciados nesta semana. Pouco depois, os policiais teriam exigido que o bando de Abadía lhes entregasse uma picape Toyota. Para transferir o carro para a pessoa que os delegados queriam, os quatro policiais do Denarc supostamente envolvidos nesse achaque teriam contado com a ajuda de dois investigadores do Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Os seis foram formalmente acusados pelos corregedores. Foi neste caso que o delegado Pórrio foi indiciado - em outro caso, o delegado Pórrio e um investigador obtiveram habeas corpus no Tribunal de Justiça contra o indiciamento. Além dos acusados no caso Abadía, a corregedoria indiciou cinco policiais do Denarc por causa do achaque em 2008 contra o traficante colombiano Manuel Yepes Penágos, conhecido como El Negro.

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