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12 projetos disputam US$ 100 mil

SP surpreende pela quantidade e qualidade de ações, diz organizador

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Por Redação
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O estudante Jeff Anderson, de 26 anos, é uma espécie de artista com interesses em questões urbanas. Faz Ciências Sociais na Pontifícia Universidade Católica (PUC) e pretende apresentar um trabalho contra o "racionalismo da arquitetura modernista" para a conclusão do curso. "Brasília é um panótico, feita para o controle social", diz. Para provar a tese, há dois anos foi morar em um cortiço. O escadão vizinho à nova casa estava imundo. Iniciou sua intervenção urbana varrendo e limpando a escada diariamente. Mesmo sem ser panfletário, atraiu 15 vizinhos que tornaram a escada um brinco. Há sete meses, mudou de área e foi morar na Favela Mauro, na Saúde. "Filando bóia" dos moradores, colhendo sucatas da rua, conseguiu construir canteiros de plantas, mosaicos e obras de arte com a população da favela. Concorre na próxima semana, com outros 11 finalistas, ao prêmio de US$ 100 mil que será entregue no Urban Age ao melhor projeto social de São Paulo. "Meu pai tentou me internar e mandou uma ambulância para a favela. Agora, entende que eu não estou louco." Concorrem também para o prêmio projetos com mais recursos à disposição. Na região do entorno da Ceagesp, na Vila Leopoldina, uma das áreas mais valorizadas da cidade, o Instituto Acaia ensina arte e artesanato a jovens de duas favelas e de um conjunto habitacional da região. Tem à disposição verba de anual de R$ 1,6 milhão obtidas no Fundo Municipal da Criança e do Adolescente (Fumcad). "Nossa bandeira é lutar para que a cidade segregue menos e que pessoas de diferentes classes sociais vivam em um mesmo ambiente", diz Elisa Bracher, diretora do instituto. O coordenador-geral do prêmio, Marcos Rosa, conta que a cidade de São Paulo surpreendeu os conferencistas do Urban Age. Foram apresentados 133 projetos, quase o dobro do total de Mumbai, onde houve o concurso no ano passado. "Além disso, a maior parte era de excelente qualidade, vindo de diferentes partes da Região Metropolitana, o que mostra que os projetos não se concentram apenas em algumas regiões." O projeto Praça da Paz, do Instituto Sou da Paz, outro que concorre ao prêmio, usou uma verba de R$ 2,5 milhões para construir três praças em diferentes regiões violentas da cidade - Jardim Ângela, Lajeado e Brasilândia. "A população é que escolheu como a praça seria feita e esse processo de escolha é o ponto forte do projeto", explica Denis Mizne, diretor do Sou da Paz. Já o Cora Garrido Boxe, entidade com pouco mais de R$ 3 mil de verba mensal, oferece embaixo de três viadutos da cidade atividades esportivas para moradores de rua, que treinam boxe em pneus, geladeiras e botijões de gás, atendendo 300 pessoas por dia.

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