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5 perguntas para a Anatel sobre o 9º dígito

Por Nayara Fraga
Atualização:

O acréscimo do nono dígito nos celulares de São Paulo e de mais 63 cidades em seu entorno está sendo feito para aumentar a oferta de novos números. Na área de código 11, há 42 milhões de linhas de telefone móvel atualmente - o limite é de 44 milhões. A medida, para a Associação de Engenheiros de Telecomunicações (AET), resolve o problema da criação de linhas, mas encoberta outras questões. Veja algumas delas abaixo:1 - Por que aumentar um dígito no número local e não criar uma nova área tarifária (por exemplo, 10) para as cidades do entorno de São Paulo que hoje são 11? Ou: não seria mais fácil colocar Jundiaí, que tem código 11, na área de Campinas, 19?O presidente da AET, Ruy Bottesi, acha que essa seria uma saída mais viável para conseguir atender a demanda por novas linhas. "A propósito, o que vão fazer com o 10?" Essa reflexão, no entanto, parece ter ficado para trás. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) lembra que colocou em consulta pública, aberta à sociedade, o problema do iminente esgotamento da numeração na telefonia móvel há dois anos. O resultado da consulta, na qual houve a hipótese da criação da área 10, foi que era mais simples para o usuário assimilar o nono dígito no número local.2 - Grande parte das máquina de cartão de crédito funciona com chip, como um celular. Elas são usadas por estabelecimentos comerciais e até pessoas físicas. Não ajudaria a evitar o nono dígito se fosse usada outra tecnologia no pagamento com cartão de crédito?Hoje, há 4 milhões de máquinas de cartão de crédito no País, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). Cerca de 35% delas (ou 1,4 milhão) usam linhas telefônicas móveis - ou seja, funcionam como celulares (lembre-se do entregador de pizza que leva a máquina até sua casa). Essa porcentagem está em crescimento, como lembra a entidade. No ponto de vista da Anatel, esse ainda é um problema pouco representativo dentro de um universo de mais de 200 milhões de celulares no Brasil. O gerente de interconexão da Anatel, Adeilson Nacimento, disse que a agência optou por resolver isso depois. Discute-se, segundo ele, o uso de um código não-geográfico (do tipo 800; 300), o qual não se vincula a uma região específica, nessas máquinas. A mesma reflexão vale para modems de banda larga e rastreadores de veículos. Espera-se também que a telefonia de quarta geração (4G) ofereça alguma solução.3 - As tarifas cobradas para ligar de uma operadora para a outra são caras, o que faz muita gente ter até quatro chips: um para falar de graça com quem é TIM, outro para Vivo e assim por diante. Se as tarifas fossem mais baratas, isso excluiria a necessidade de haver mais linhas de telefone celular?Sim. Mas a avaliação do gerente da Anatel é que as ligações, até as que antes não tinham custo, passariam a ser cobradas de alguma forma - o que tiraria do consumidor o privilégio de nada pagar para fazer chamadas dentro da rede da operadora. De qualquer forma, ele afirma que as tarifas de interconexão (de uma operadora para outra) merecem atenção e que a agência tem feito intervenções com o objetivo de baixar os preços.4 - Quando o nono dígito passar a valer, quem ligar para um celular da região 11 de São Paulo e não colocar o nove à frente do número local ouvirá uma mensagem com o lembrete de que o novo dígito está faltando. Mas e se boa parte das pessoas se esquecer da novidade? A gravação automática com o lembrete funcionará em todos os casos?A Anatel explica que as interceptações telefônicas (quando entra a gravação com o lembrete do nono dígito) serão adotadas gradualmente. Até 7 de agosto, quem discar oito dígitos conseguirá ter a ligação completada normalmente. A partir do dia 8, começa a interceptação. Ela começa com as chamadas de longa distância, quando alguém de outro Estado ligar para um celular de São Paulo, e termina com as chamadas dentro do Estado. A operadora pode optar por completar a ligação para o cliente ou não até 16 de setembro. No dia 15 de janeiro de 2013, os números de oito dígitos deixam de existir.5 - Estima-se que o custo para implantação do nono dígito seja de R$ 300 milhões. Como esse dinheiro está sendo gasto?Esse número foi uma estimativa das operadoras para o gasto que elas teriam para acrescentar o nono dígito aos número de celulares, o que inclui desde as despesas com a atualização da rede até os sistemas de suporte à prestação de serviço ao cliente. A Anatel estima que esse valor será ultrapassado.

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