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600 presos rebelados com reféns em Bangu

Por Agencia Estado
Atualização:

Até o fim da tarde deste sábado, cerca de 600 presos da Casa de Custódia Muniz Sodré, no Complexo Penitenciário de Bangu, na zona oeste, estavam rebelados e mantinham quatro agentes penitenciários como reféns. O motim começou às 20h30m de sexta-feira, quanto sete agentes foram retidos na hora da conferência. Os amotinados dizem pertencer ao Comando Vermelho e exigiam a transferência de presos rivais, ligados ao Terceiro Comando. Mesmo após 58 detentos terem sido levados para outro presídio, a situação não foi contornada, embora três dos sete reféns tenham sido liberados no decorrer do dia. O diretor do Departamento do Sistema Penitenciário (Desipe), tenente-coronel Reginaldo Alves de Pinho, e o secretário de Direitos Humanos, João Luiz Pinaud, negociaram o dia inteiro com os presos. No meio da tarde, eles pediram à imprensa que entrasse e registrasse cenas da rebelião, e Pinaud disse aos jornalistas que a transferência dos detentos do Comando Vermelho seria a única exigência atendida. Ele recusou-se a comentar as denúncias de que alguns presos andam armados no presídio e até ajudam os agentes carcerários a fazer a segurança do local. A rebelião começou depois de uma tentativa de fuga frustrada, nesta sexta-feira à noite. Os detentos dominaram sete agentes penitenciários, fizeram com que eles tirassem suas roupas e vestiram os uniformes. Os guardas passaram a noite amarrados, vestidos apenas de cuecas. Os presos tentaram deixar a Muniz Sodré, mas foram impedidos por policiais militares que faziam a guarda do lado de fora do presídio. Os rebelados passaram então a exigir a transferência dos presos ligados ao Terceiro Comando, facção criminosa que é minoria na casa de custódia. Armados de pistolas e revólveres ? segundo os presos, as armas foram tomadas dos guardas ?, eles ocuparam os pavilhões A e B. Por telefone celular, disseram ao Estado que vinte guardas estavam em seu poder. ?Se tiver invasão vai ter sangue, nós estamos preparados para tudo?, disse um dos presos. Na madrugada deste sábado, a direção do Desipe decidiu interromper o fornecimento de água e luz para a casa de custódia. Os detentos também não receberam o café da manhã nem o almoço. Pela manhã, um dos agentes foi liberado. Ele sofre de bronquite asmática e passou mal no início da rebelião ao ter uma crise nervosa. O guarda chegou a ser medicado, mas acabou sendo liberado pelos presos. O Muniz Sodré tem 1.460 presos à espera de julgamento, número que está dentro da capacidade da casa, que é de 1500 vagas. Somente 15 agentes por turma fazem a guarda da unidade. Nesta sexta-feira, quando sete dos guardas foram feitos reféns, sobraram apenas oito homens para impedir a fuga e conter os demais presos em seus pavilhões. ?Nós alertamos a secretaria de Direitos Humanos de que havia risco de um levante como o que houve em Bangu 3. Eles não tomaram conhecimento?, acusou a vice-presidente do sindicato dos agentes, Vanda Reis. A rebelião em Bangu 3 ocorreu no fim de novembro, quando 27 pessoas ? inclusive professores, pastores e funcionários que faziam reparos na penitenciária ? foram feitas reféns por presos armados de granadas e submetralhadoras. O levante durou 19 horas e acabou com a intervenção do secretário Pinaud. Na ocasião, ele chegou a assinar um documento, prometendo que os rebelados não seriam punidos. No motim desta sexta, os presos exigiam a presença de Pinaud. Durante a madrugada deste sábado, o diretor do Desipe, coronel Alves, permaneceu no presídio, mas os detentos insistiam que ?não havia ninguém para negociar?. A unidade está cercada por policiais militares do 14º Batalhão (Bangu), Grupo Especial Tático Móvel (Getam), Batalhão de Choque, e Batalhão de Operações Especiais (Bope).

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