62 vítimas levaram tiros de perto nos ataques de maio

A análise mostrou que 11 vítimas tinham marcas de tiros à queima-roupa

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Por Agencia Estado
Atualização:

O Conselho Regional de Medicina divulgou nesta sexta-feira o relatório final de 493 laudos necroscópicos de mortos por arma de fogo ocorridos no período de 12 a 20 de maio, na primeira onda de ataques da facção criminosa Primeiro Comando da Capital. A análise mostrou que 51 vítimas foram atingidas por disparos a curta distância - ou seja, a menos de 30 centímetros -, o que equivale a 10,34% dos laudos. Tinham marcas de tiros à queima-roupa 11 vítimas. ?O exame do legista não define a distância exata que foram feitos os disparos, porque eles são baseados nas marcas que estão no corpo. É preciso cruzar com outras informações do inquérito para definir isso?, disse o presidente do Conselho, Desiré Callegari. Ele explicou que tiros dados a mais de 30 centímetros são considerados de média e longa distância. ?Mesmo assim, não podemos afirmar que não houve eliminação, porque dependendo da arma que se usa, um rifle por exemplo, você executa a distância.? Segundo a analise dos médicos dos Conselho, 96,3% dos mortos eram homens e 45% tinham entre 21 e 31 anos. ?A média de tiros por pessoa foi muito acima do normal?, disse Callegari. Em 15 de maio, quando houve 117 mortes no Estado, cada vítima recebeu em média 5 tiros. Os locais mais atingidos foram tórax (719 disparos) e cabeça e pescoço, com 649 tiros. Para o coordenador do Movimento Nacional de Direitos Humanos, Ariel de Castro Alves, os números comprovam que ?houve uma ação descontrolada por parte da polícia?. Alves, que também faz parte da comissão especial criada para acompanhar o esclarecimento dessas mortes, defendeu a federalização das investigações. ?A polícia não está fazendo muito esforço para esclarecer o que ocorreu?, disse. A Secretaria da Segurança Pública respondeu que os inquéritos de 122 mortes assumidas pela polícia já foram concluídos e encaminhados à Justiça.

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