Na reta final das eleições, os candidatos José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) aproveitarão a última semana de campanha para reforçar estratégias nos principais colégios eleitorais e calibrar o discurso para o eleitor indeciso em busca de um segundo turno. Com chances de vencer no primeiro turno, Dilma Rousseff (PT) aposta e se prepara para os dois últimos debates na TV.Nos bastidores, o PT acredita ser possível a vitória no primeiro turno, dia 3 de outubro, mas também tem preparado dirigentes e militantes para um enfrentamento no segundo turno, se necessário. Já o comando tucano articula aumento da exposição de Serra no Rio e em São Paulo. Diante da oscilação negativa de Dilma nas últimas pesquisas de intenção de votos, o comando político da campanha reforça a necessidade de adotar cautela na reta final e considera que os momentos decisivos serão os dois últimos debates, na TV Record hoje e especialmente o da TV Globo, o de maior audiência.Principal cabo eleitoral de Dilma, o presidente Lula arrefeceu o tom do discurso contra a mídia em comício realizado em Porto Alegre na sexta-feira. Após sucessivas críticas de parcialidade da mídia e de adotar uma retórica agressiva contra a oposição, Lula destacou a importância da imprensa e afirmou que "é preciso ter humildade". Petistas avaliaram que seria um erro alimentar o confronto direto com a imprensa ao final da campanha. "Estamos confiantes, mas sem salto alto, e vamos continuar na mesma linha de campanha", disse o presidente do PT, José Eduardo Dutra, coordenador da campanha de Dilma. "O que salta aos olhos é que após um mês de intenso bombardeio a Dilma não perdeu votos." Segundo o presidente do PT, a despeito da pequena oscilação, as pesquisas deixam claro que Dilma Rousseff tem voto consolidado. O aumento da vantagem de José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV), afirmou Dutra, ocorreu sobretudo a partir dos votos de indecisos, e não houve perda de votos da petista. "Nunca proclamamos vitória antecipada e nunca ficamos de salto alto. Se não for possível ganhar no primeiro turno, ganharemos no segundo", afirmou o coordenador de comunicação da campanha de Dilma, o deputado estadual Rui Falcão (PT).O comando petista acredita que Dilma será o alvo principal dos adversários nos dois últimos debates, e que as denúncias sobre tráfico de influência na Casa Civil e violação de sigilo fiscal de pessoas ligadas ao PSDB serão amplamente explorados. "A Dilma já está escolada com isso e absolutamente preparada para os debates finais", afirma Dutra. Euforia. Após uma longa e desconfortável permanência nos arredores de 9% nas pesquisas, a coordenação da campanha de Marina Silva está eufórica com os 12% das intenções de voto obtidos na última sondagem do Ibope, feita entre os dias 21 e 23.As pesquisas aumentaram a convicção dos seus coordenadores de campanha de que a rota está correta e será mantida. "A onda verde que estamos verificando nos últimos dias decorre de uma estratégia que deve ser mantida", ressalta o coordenador da campanha, João Paulo Capobianco. Nesta reta final, os verdes farão a Semana do Marinaço, série de ações voltadas para ampliar a intenção de votos entre os eleitores fluminenses - no Rio Marina atingiu situação de empate técnico com Serra.Marina deve avançar pela última semana de campanha dizendo que não quer embate, mas sim debate. Assim como Dilma, sua principal preocupação é estar bem preparada para os debates da Record e da Globo. Sabe que seu avanço nas pesquisas se deve mais à exposição no noticiário e nos debates, já que o horário eleitoral gratuito lhe reserva o diminuto espaço de 1m26s.Capobianco reforça a importância de Marina ter se diferenciado de Serra no tratamento dos escândalos que afetaram Dilma. "Ela não quis usar nenhum escândalo de forma eleitoreira. Quando criticou o vazamento na Receita, sua principal preocupação não foi roubar votos de Dilma, mas sim para defender o Estado e suas instituições", afirma.Agendas. Serra estará hoje e quinta-feira no Rio, segundo maior colégio eleitoral do País e onde disputa o segundo posto com Marina - o tucano tem 19% das intenções de voto, e ela 18%. Também reforçará agenda em São Paulo, colado com Geraldo Alckmin, candidato ao governo e líder das pesquisas no Estado.Na quarta-feira, os tucanos pretendem encerrar a campanha com uma festa na Mooca. Inicialmente, pensou-se num evento no centro da cidade, mas como a campanha da adversária petista também articulava algo parecido, o PSDB resolveu fazer a festa no bairro popular onde Serra nasceu. Ainda estão previstas passagens pela Bahia e por Minas.A agenda da petista para a última semana não foi definida. O evento já anunciado é o "último comício", amanhã, no sambódromo em São Paulo. No dia 30, Lula fará um grande comício em São Bernardo do Campo, sem Dilma.