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A dor da perda, uma semana depois

Familiares reuniram-se em SP e Porto Alegre ontem, no horário do acidente

Por Alexandra Penhalver , Elder Ogliari , SÃO PAULO e PORTO ALEGRE
Atualização:

Silenciosamente, familiares das vítimas do acidente com o Airbus da TAM chegaram às 19 horas ao saguão do Aeroporto de Congonhas. Tinham vasos de violetas nas mãos. Uma semana antes, naquele mesmo horário, viam, estarrecidos, as imagens da aeronave em chamas pela TV. Num esforço para que a tragédia não seja esquecida, seguiram lentamente rumo ao balcão de check-in da TAM. "Quero descansar e lembrar do meu filho", disse Euler Queiróz, pai de Arthur. "Espero que fechem Congonhas. Foi um assassinato." Os cerca de 30 familiares se uniram a funcionários com uniformes de outras empresas, que os esperavam de mãos dadas. Muitos não contiveram as lágrimas. No alto-falante, uma voz masculina anunciou a homenagem às vítimas e pediu, às 19h05, um minuto de silêncio. Conforme o grupo caminhava até o check-in da TAM, os passageiros que estavam no saguão aplaudiam. Os familiares, então, distribuíram vasinhos de violetas aos funcionários da TAM, como se, assim, dividissem a dor. O pai de Mariana Simonete, Maurício Pereira, de 50 anos, chorou durante toda a homenagem. "Um anjo que se foi", dizia uma faixa em sua memória. A Associação Brasileira dos Parentes de Vítimas de Acidentes Aéreos (Abrapavaa) está organizando uma caminhada, no domingo, para dar apoio às famílias e cobrar medidas do governo para aumentar a segurança aérea no País. O ponto de encontro será o Monumento às Bandeiras, na frente do Parque do Ibirapuera, na zona sul, às 9 horas. De lá, os participantes seguirão até o local do acidente. Os organizadores pedem que todos levem flores e se vistam de preto. NO SUL As vítimas do vôo 3054 também foram lembradas no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre. Cerca de 70 pessoas participaram do ato, que começou às 18h50, no mesmo horário em que ocorreu o acidente. Houve sete minutos de silêncio e uma oração diante do portão de acesso às salas de embarque. Vestidos de preto, com véus na cabeça e ramos de bocas-de-leão brancas nas mãos, todos sentaram-se no chão. No fim do ato, passageiros na sala de embarque deram às mãos aos manifestantes e, em círculo, rezaram o Pai Nosso.

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