''A era Serra não chegou ao fim''

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Por Gustavo Uribe e AGÊNCIA ESTADO
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Em entrevista à Agência Estado, o governador Alberto Goldman faz um balanço dos seu 250 dias à frente do governo paulista e nega que a "era Serra" tenha chegado ao fim no PSDB, com a derrota do presidenciável para Dilma Rousseff (PT) nas últimas eleições. "O Serra tem um papel importante para o PSDB. Ele teve, tem e terá", diz. Há quase nove meses no Palácio dos Bandeirantes, como o senhor avalia a sua gestão?Um governo de nove meses não pode se dar ao luxo de querer inventar. Ele é parte, eu sou parte de um governo de quatro anos. Sempre numa linha da mais absoluta continuidade. Até porque eu participei das decisões anteriores. Portanto, o meu governo nada mais é do que o governo liderado pelo José Serra. Em que áreas o sr. acredita que poderia ter feito mais?Eu ampliaria, na questão da infraestrutura, o papel do Estado. Traria para o Estado responsabilidades que são hoje do governo federal, como sobre aeroportos e portos. O fato de você não ter essa competência nessas áreas limitou a nossa capacidade de desenvolvimento. O sr. ficou decepcionado com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, por não ter respondido aos ofícios que pediam a concessão para construção de um novo aeroporto em São Paulo?Não fico decepcionado com nada do governo federal. Nunca esperei nenhuma ação positiva do governo federal, que é omisso, lento, inconsistente, contraditório, e sempre trata o Estado de São Paulo como um Estado que, por si só, resolve-se. Meio fora do mapa do Brasil. Portanto, não dá nem para ficar decepcionado. O sr. foi um líder combativo da sua legenda no Congresso Nacional. Qual é o seu papel hoje no PSDB?Não tenho a menor ideia (risos). Acho que o partido deveria ter uma clara linha de posições sobre todos os problemas que o Brasil enfrenta. Falta no PSDB essa clareza, como papel de um partido de oposição. Quem são as novas lideranças do PSDB?Quem definirá quem são as novas lideranças não sou eu. O povo vai reconhecendo com o passar do tempo. Porque não se está discutindo aqui a idade. O mais importante é quem tem capacidade de criar projeto de partido e que possa ser reconhecido pela população. Com a derrota nas eleições presidenciais, a "era Serra" chegou ao fim no PSDB?A era de qualquer político só se encerra com a morte. O Serra tem um papel importante para o PSDB. Ele teve, tem e terá. O ex-governador Aécio Neves é um nome natural para a candidatura do PSDB à sucessão presidencial em 2014?Falar em eleição para 2014 é um exercício de futurologia. O Aécio é uma liderança indiscutível. O senhor cogita retornar ao Legislativo?Não. O Legislativo para mim, depois de oito mandatos, esgotou-se. E eu esgotei a minha cota de vida em Brasília. Eu estarei aqui no Estado, fazendo o que for possível fazer.

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