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A semana de ouro da Hípica

Por Valéria França
Atualização:

São Paulo virou na semana passada o centro mundial do hipismo. Recebeu pela primeira vez uma etapa da ''''Fórmula 1'''' do esporte, num evento que termina hoje e misturou a nata do hipismo, a aura da bilionária herdeira Athina Onassis e boa parte do PIB brasileiro. Nem a crise aérea impediu que 106 cavalos que valem mais que o próprio peso em ouro - alguns custam US$ 3 milhões - desembarcassem em segurança no Aeroporto de Viracopos, em Campinas, e seguissem para a Sociedade Hípica Paulista, no Brooklin, zona sul, para o Athina Onassis International Horse Show, quinta das oito etapas do Concurso de Saltos Internacionais (CSI). Entre os cavaleiros, muitos saíram direto dos Jogos Pan-Americanos, como Bernardo Alves, César Almeida, Pedro Veniss e Rodrigo Pessoa, que ganharam ouro por equipe no Rio. Os demais vieram da Europa, como o belga Jos Lansink, considerado o melhor do mundo. Estavam todos lá, 36 competidores disputando, de quarta-feira até hoje, prêmios que somados chegam a 1 milhão. PARA POUCOS A Hípica Paulista é conhecida por ser um clube fechado, de apenas 600 sócios, com piscina, restaurante e áreas para equoterapia, salto e adestramento de cavalos. Mas, apesar de exclusiva, a Hípica não costumava receber eventos desse porte, normalmente privilégio do Jockey Club, em Cidade Jardim. Os sócios compareceram em peso e acompanharam as provas em mesas na área vip que custavam R$ 16 mil. A família Marinho, da TV Globo, torcia pelo cavaleiro Rodrigo Marinho; o empresário Arnaldo Diniz, que não faltou um dia, pela filha Luciana Diniz. ''''Ela agora compete por Portugal'''', disse. Luciana não pegou pódio. Mas Diniz teve lá suas compensações. O prêmio de 50 mil, o maior de sexta-feira, ficou para José Roberto Reynoso Fernandes Filho, de 27 anos. ''''Ele é filho do Alfinete, campeão brasileiro de hipismo, que foi instrutor aqui por muitos anos. Ele ensinou até mesmo minha filha'''', contou o empresário, emocionado ao ver o cavaleiro, numa homenagem ao pai, olhar para o céu após a vitória. Nem todos entenderam muito bem a empolgação da platéia. A apresentadora Luciana Gimenez, de chapéu e botas, foi à Hípica acompanhando o marido, Marcelo Fragalli, vice-presidente da Rede TV!. ''''Viemos porque a filha de Marcelo (Manoela, de 8 anos) adora cavalos'''', disse a apresentadora na sexta. Sábado foi o dia das crianças. A primeira dama do Estado, Monica Serra, chegou às 9 horas para assistir à prova mirim com o neto Antonio, de 4 anos. O mesmo fez o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que foi ao clube, segundo ele, por causa da neta Isabela, de 12 anos. ''''Ela também salta.'''' Para as competições regulares foram montadas duas pistas, a nacional, que permitia a participação de atletas amadores, e a internacional, para as feras do esporte. ''''O Brasil precisava de uma prova como esta. Vai ajudar a melhorar a técnica do esporte no País'''', disse o cavaleiro Álvaro Affonso de Miranda Neto, o Doda, um dos organizadores do evento. Marido de Athina, há cinco anos ele tentava trazer a etapa do CSI para São Paulo. Os bons resultados dos atletas brasileiros no cenário internacional e até mesmo o fato de o Brasil ter promovido o Pan ajudaram na empreitada. Doda ainda contou com o apoio da mulher. Mesmo isolada do público, e cercada por guarda-costas, Athina foi à Hípica em todos os dias da competição. E festejou o bom desempenho do maridão nas pistas. Ela abraçou e beijou Doda sem cerimônia. Ele esbanjou simpatia, caminhou tranqüilamente por todos os cantos, deu autógrafos e saboreou o sucesso do evento. Quando as provas começaram, na quarta-feira, não havia mais ingressos para o fim de semana. ''''Teve amigo que me ligou e eu não tive como arrumar'''', disse Doda. Para não atrapalhar o trânsito nas imediações da Hípica, que fica num pedaço arborizado e residencial do Brooklin, foram colocadas à disposição do público 60 vans, que partiam da Daslu, na Vila Olímpia. Mas houve quem preferisse outros meios de transporte. ''''Comprei meu ingresso no Ibirapuera e vim de táxi'''', disse o administrador de empresas Juan Horn, de 38 anos, sócio da Hípica de Santo Amaro. ''''Gostei muito. Quem sabe assim deixamos de ser só o país do samba e do futebol.'''' Quem, como ele, comprou ingressos por R$ 50,00, assistiu às provas da arquibancada, mas pôde circular pelas áreas de lazer. Em volta do picadeiro, onde os cavaleiros fazem o aquecimento dos cavalos, foi montado uma espécie de shopping, com restaurantes, lojas e cafés. LOJINHAS A grande atração do ''''shopping'''' foram as lojas superexclusivas. Uma delas, da Embraer, mostrava aos visitantes um protótipo, em tamanho real, do Phenom 300, jatinho com espaço para seis pessoas e dois pilotos. ''''É difícil alguém comprar na hora. Troca-se cartões e depois pode ter negócio'''', disse Ricardo Silva, engenheiro de aeroportos, que atendia ao público. O Phenom fica pronto em dois anos. O preço: US$ 6,9 milhões. NÚMEROS >106 cavalos valiosos desembarcaram no Aeroporto de Viracopos, em Campinas >1.000 homens formaram a equipe que trabalhou na preparação do evento >67 dias foram necessários para fazer as mudanças no local do circuito >R$ 11,5 milhões foi o custo do evento, que exigiu a terraplenagem do terreno

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