
21 de agosto de 2010 | 00h00
Enquanto o presidenciável tucano José Serra oscila entre críticas e afagos a Lula, a depender da plateia, o candidato do PSDB ao governo estadual, Geraldo Alckmin, está cada vez mais à vontade no figurino de oposição.
Confortável na liderança da corrida paulista, Alckmin não se constrange em criticar o PT nem em apontar defeitos da gestão petista. Expõe deficiências da administração Lula com claro objetivo: alvejar o principal adversário, o petista Aloizio Mercadante, que exibe a parceria com Lula como seu maior capital eleitoral. Sabe que fala para um público mais crítico ao presidente. Segundo o Ibope, a aprovação de Lula em São Paulo é de 72% contra 77% em todo o País.
Mas não foi só na crítica que Alckmin buscou se posicionar em campo oposto aos adversários. Na sabatina realizada pelo Estado ontem, se apresentou em uma embalagem mais conservadora e à direita que o seu próprio partido. Disse não ser "verdadeira" a premissa de que o Estado deve ser "provedor" de tudo e enalteceu as parcerias com a iniciativa privada.
Quando o tema foi segurança, afirmou que em dez anos a "força policial" de São Paulo superará o Exército em número de policiais. "E vou ter mais 6 mil policiais quando for governador. Segurança é o nosso tema."
Olhando sempre para as câmeras de TV, Alckmin citou mais porcentuais, casas decimais e centímetros cúbicos que o nome de Serra. Disse que o ex-governador fez um "bom" governo, para depois corrigir: "Fez um grande governo". Abusou, no entanto, do "eu fiz", "ele entregou".
Por trás do discurso de Alckmin, há outro um propósito. Projetá-lo como liderança da oposição num cenário de eventual vitória do PT.
É JORNALISTA DO "ESTADO"
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