Abadía diz que não pode ficar em solitária

Megatraficante afirma que sofre de claustrofobia em cadeia de Nova York

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Por Camila Viegas-Lee
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Acusado de tráfico de drogas, assassinato, extorsão e lavagem de dinheiro, o colombiano Juan Carlos Ramirez Abadía, que aguarda julgamento no Centro de Detenção Metropolitano do Brooklyn, em Nova York, entrou, na quinta-feira, com um pedido de transferência de sua solitária porque está sofrendo de claustrofobia - medo de lugares fechados. Um oficial do centro de detenção, que não quis se identificar, disse por telefone que as celas de segurança máxima, chamadas de Unidade de Habitação Especial, medem cerca de 2 metros por 4,5 metros e abrigam uma cama, uma pia e uma privada. Quando ouviu o comentário de que não é tão pequeno, disse "temos ótimas dependências aqui, minha senhora". O advogado Paul Nalven disse que já visitou a cela de Abadía e que "ele tem recebido um tratamento muito bom, mas está numa situação de isolamento até poder ser transferido para um lugar mais seguro no sistema penitenciário e estamos tentando conseguir essa transferência assim que possível". Segundo Nalven, Abadía sofre de claustrofobia desde criança. O colombiano passa 23 horas por dia dentro de sua cela, onde recebe café da manhã, almoço e jantar, e uma hora por dia num espaço semi-aberto. Se for transferido para as celas comuns, Abadía poderia, dependendo da determinação do juiz, ter acesso às salas de recreação, à cafeteria e a outros espaços da ala masculina. O Centro de Detenção do Brooklyn também abriga mulheres, em outra ala, e conta ao todo com mais de 2 mil prisioneiros, segundo o oficial. ÁRABES A ala de segurança máxima abriga árabes e muçulmanos que aguardam acusação por promover terrorismo. Em entrevista para o programa de notícias independente Democracy Now!, o egípcio Yasser Ibrahim, que passou oito meses e meio numa das solitárias do Centro de Detenções de Brooklyn e foi libertado em maio de 2002, disse que o espaço "é pequeno, muito pequeno, com uma janela pequena". "Essa janela foi tapada depois de dois meses." Alguns ativistas americanos batizaram o centro de "o Abu Ghraib de Brooklyn". Uma mulher que diz ter passado dez meses no centro de detenção descreveu sua experiência no fórum PrisonTalk.com. "Estava numa unidade com 120 mulheres, uma área aberta e outra de recreação, sem janelas. O horário de visitação era horrível e a comida, um lixo, mas conheci boas pessoas e os guardas tentavam dar o máximo de respeito possível." Abadía está no Centro de Detenção de Brooklyn desde que foi extraditado do Brasil, em agosto, depois de passar um ano no presídio de Campo Grande (MS). O Departamento de Estado americano afirma que o cartel chefiado por Abadía contrabandeou mais de US$ 10 bilhões em cocaína para os Estados Unidos entre 1990 e 2003. O traficante ainda é apontado como mandante da morte de rivais na Colômbia e nos EUA.

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