Os especialistas apontam o abrandamento na fiscalização como a principal causa para o aumento no número de pessoas que admitem dirigir após ingerir bebida alcoólica. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), Flávio Adura, a chamada lei seca conseguiu conscientizar somente uma parte dos motoristas sobre os riscos de acidentes. "As campanhas iniciais conseguiram atingir uma parte das pessoas. Mas a maioria pode ter melhorado seus hábitos nos primeiros meses, com medo das punições, mas agora já voltou a infringir a lei", diz. Adura afirma que prevaleceu uma sensação de impunidade entre os motoristas nos últimos meses e, portanto, as pessoas voltaram a cometer as infrações. "Os cidadãos perceberam que a fiscalização já não é a mesma da época em que a lei entrou em vigor. E, se eles andam na rua por um dia e notam que já não há tantos policiais, as pessoas que não se conscientizaram vão se sentir livres para beber e dirigir", diz Adura, que prefere chamar a regra de "lei salva-vidas". Ele afirma que "lei seca" traz uma conotação errada, ao sugerir que o álcool está proibido no País. Já o presidente da Associação de Vítimas de Trânsito (Avitran), Salomão Rabinovich, que temia esse retrocesso desde a entrada em vigor da lei, considera que novas legislações trazem resultado inicial, mas, depois, a tendência é aumentar o descumprimento. Embora seja a favor de penas mais duras, ele observa que no Pais são criadas leis periodicamente para punir os infratores, mas elas costumam cair em descrédito.