Abrigo para idosos é fechado no Rio

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

A Coordenação de Fiscalização Sanitária do Estado do Rio interditou hoje um abrigo para idosos em Sepetiba, na zona oeste da cidade, que funcionava desde o início do ano. Onze idosos viviam em condições precárias e o abrigo não tinha autorização de funcionamento. O responsável pela casa, Paulo Roberto Maia Júnior, foi preso em flagrante, acusado de maus-tratos, e levado para a 36ª DP (Santa Cruz). Duas pessoas foram enviadas para o hospital Pedro II, em Santa Cruz, para avaliação e os outros foram levados para centros geriátricos públicos ou vinculados ao Estado. O fechamento do abrigo foi o resultado da primeira blitz feita pelos deputados estaduais que estão atuando na CPI dos Idosos, instalada na quarta-feira. O presidente da Assembléia Legislativa, Sergio Cabral Filho (PMDB) que participava da blitz disse que a comissão já tem 80 denúncias e que esta foi a primeira a ser investigada. "Estamos dando um recado: ou esses abrigos irregulares fecham, ou vamos atrás. E os abertos, melhoram ou serão fechados", afirmou o deputado. Um paciente, José Helio dos Santos, de 62 anos, que usa marcapasso, estava amarrado à cadeira. O homem, que não consegue falar direito, gemia e usava fraldas geriátricas. Outra interna, Maria Moldoni Costa, tinha um hematoma no olho esquerdo, que, segundo funcionários do local, foi resultado de uma queda da cama. O proprietário do asilo diz que levou Maria ao hospital e que os exames não constataram nada. Segundo Maia Júnior, que pode ser condenado a uma pena de dois meses a um ano de prisão, era cobrado um salário mínimo de cada interno. Os idosos ainda pagavam R$ 5,00 por um plano de saúde e R$ 6,00 por um auxílio funeral. De acordo com o diretor do abrigo, o convênio com uma casa de saúde da região, que daria a assistência médica necessária, seria fechado nesta semana. "Essas pessoas pagavam R$ 5,00 para não serem atendidas e R$ 6 00 para morrer", disse, irritado, o deputado Paulo Pinheiro (PT). Levado para a delegacia, o proprietário do asilo classificou o atendimento de "razoável". "Se me derem chance, vou continuar com o meu trabalho", afirmou, garantindo que não havia cometido crime algum. O Ministério Público estadual vai tentar localizar os parentes dos idosos. As famílias podem ser processadas por crime de abandono material, cuja punição é de 1 a 4 anos de prisão e multa de 1 a 10 salários mínimos. O asilo funcionava em uma casa de seis cômodos. Dos quatro funcionários que trabalhavam no lugar, apenas uma pessoa era técnica em enfermagem. De acordo com deputado Paulo Pinheiro o ideal é que uma abrigo para idosos tenha em seu quadro funcional pelo menos seis auxiliares de enfermagem, um enfermeiro e um médico responsável. Os deputados foram acompanhados por representantes do Ministério Público, Núcleo do Idoso da Defensoria Pública, do Conselho Estadual do Idoso e da Delegacia do Idoso.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.