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Ação de dublês e clones prejudica motoristas

Por Agencia Estado
Atualização:

Todos os dias, motoristas procuram a Corregedoria do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) para reclamar. Estão recebendo multas aplicadas em ruas e avenidas da capital, Grande São Paulo e interior, onde jamais passaram com seus automóveis. São vítimas de clones e dublês. As queixas chegam a cem por mês e a corregedoria tem 1.600 casos em andamento. Os proprietários de veículos pedem a troca da placa e a localização do veículo suspeito. Além das infrações no trânsito, que não cometeram e são obrigados a pagar, os motoristas reclamam dos pontos lançados em seus prontuários, que podem provocar a suspensão e até a cassação da carteira de habilitação. A maioria dos clones são carros furtados ou roubados, vendidos em feiras de automóveis com chassis remarcados e documentos falsificados. Mas há quem use a placa de um automóvel da mesma marca, ano e cor para escapar do rodízio e das multas de excesso de velocidade criando um dublê. Delegacias - Impressionado com o número de reclamações sobre os dublês, o diretor do Detran, José Roberto Leigo, criou duas delegacias que se dedicam exclusivamente a apurar esse tipo de caso. O delegado corregedor do departamentos, Edgar Aparecido Lázaro, relata que 10 a 15 proprietários por mês conseguem ter as placas de seus veículos trocadas. E no mesmo período são apreendidos em média dez carros clonados. Como exemplo do engano de muitos motoristas que pretendem a troca das placas para "fugir" das multas, o corregedor citou o caso de um deputado estadual. "Ele nos procurou dizendo que recebera multas aplicadas durante a madrugada na Marginal do Tietê e em ruas da zona leste e naquele horário o carro estava na garagem. Queria a troca das placas." Durante as investigações, os policiais apuraram que, enquanto o deputado dormia, o filho saía com o carro dele. Nilson Lucas Júnior, um dos delegados encarregados de investigar os dublês, explicou que quem usa o próprio carro com a placa de outro veículo é punido administrativamente. "Perde a carteira e o carro é recolhido." Quando o automóvel clonado é roubado ou furtado, o responsável pode ser processado por receptação e adulteração. "Não deixamos de apurar nada." Segundo ele, 80% das multas recebidas pelas pessoas que se queixam são de excesso de velocidade e variam de R$ 100,00 a R$ 600,00. As duas delegacias do Detran investigam as queixas sobre multas aplicadas somente na capital. Na Grande São Paulo e no interior, esse trabalho cabe às Delegacias de Trânsito de cada município. "Mesmo que quiséssemos registrar aqui não temos como investigar em outros municípios", afirmou. Problemas - No entanto, os policiais da Corregedoria do Detran não conseguem estabelecer se a multa aplicada foi dada a um dublê quando a infração ocorre nos estacionamentos e nos dias de rodízio ou sem registro fotográfico. Os carros mais clonados na capital são Fiat Uno, Vectra, Gol e Kombi. O delegado fez questão de dizer que o trabalho de apuração da corregedoria "é um pouco demorado", por causa do volume de queixas. E alertou. "Nós não cancelamos as multas. É preciso que as pessoas façam os recursos à Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e ao Departamento do Sistema Viário (DSV)." Ainda se deve ter todos os cuidados ao comprar um carro de terceiros ou em feiras. O dinheiro deve ser entregue depois que toda a documentação estiver em ordem. A polícia orienta que a negociação ocorra sempre com o proprietário e o pagamento preferencialmente seja feito com cheques nominais.

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