Ação de policiais e ato público contra a violência no interior de SP

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Um arsenal, incluindo um fuzil, pistolas automáticas e uma máquina de produzir munição, além de drogas, foram apreendidos ontem, em duas casas do Parque São Bento, na zona norte de Sorocaba. Na operação, realizada pela Polícia Militar, três pessoas foram presas. O dono das casas, Sidney da Silva, apontado como o chefe de uma quadrilha de traficantes, conseguiu escapar. A polícia acredita que o bando comandava o tráfico em vários bairros da cidade e poderia estar envolvido no fornecimento de armas e munição para bandidos de outras cidades, principalmente São Paulo. Entre as armas, foram apreendidos um fuzil, duas pistolas, uma delas com silenciador, e dois revólveres. A máquina de produzir munição estava adaptada para encher cartuchos e fixar espoletas em balas para fuzis, carabina, escopetas de calibre 12, pistolas e revólveres de vários calibres. Foram apreendidos um quilo de pólvora e quase mil cartuchos e cápsulas carregadas, além de um rádio-comunicador e vários celulares. Os policiais encontraram em uma das casas 980 porções de crack e 500 gramas de droga bruta. Foram presos a mulher do traficante, Cristiane da Silva Ribeiro, de 23 anos, Rafael Henrique Cândido da Silva, de 18, e sua namorada, Rita de Cássia Barbosa Dias, de 20. Ato contra violência - Cerca de 300 pessoas, a maioria usando roupas brancas, participaram de um ato público contra a violência e pela paz, neste domingo, no Parque Campolim, em Sorocaba. Durante a solenidade, foram colhidas assinaturas para um plebiscito visando reduzir a maioridade penal de 18 para 16 anos. O grupo fez uma caminhada pelas ruas do bairro com cartazes pedindo o fim da impunidade e uma ação mais rigorosa das autoridades contra a violência. Familiares de vítimas de assassinatos na cidade, como a economista Suzeli Regina Lopes Tortello, seqüestrada e estrangulada há um mês, e o comerciante Carlos Alberto Caus, morto durante tentativa de assalto em junho, deram depoimentos emocionados. "Uma pessoa de 16 anos é considerada capaz de escolher o presidente da República, mas não pode ser punida pelos crimes que tenha cometido", disse o comerciante Nelson Rosa Matielli, pai do jovem Pablo Matielli, assassinado. Em todos os crimes estavam envolvidos menores de idade. Muitos participantes traziam estampadas na camiseta fotos dos parentes assassinados. Os pais do casal de namorados Fellipe Caffé e Liana Friendenbach, seqüestrados e mortos quando acampavam numa mata de Juquitiba, na Grande São Paulo, se reencontraram no evento. Também participaram familiares da estudante Gabriela Prado Maia, assassinada no Rio de Janeiro, e representantes de entidades contra a violência, como a "Associação Paz com Justiça" e o "Comitê Plebiscito Já". A vereadora Cíntia de Almeida (PDT), de Sorocaba, uma das mulheres brasileiras que disputam indicação para o Nobel da Paz em 2005, criticou o Congresso Nacional por ter uma postura omissa sobre a maioridade penal. "Os projetos em tramitação continuam engavetados porque deputados e senadores não querem dar a cara para bater." Ela considerou exagerada a proposta do deputado Campos Machado (PTB/SP) de baixar a maioridade penal para 14 anos. "É melhor baixar para 16, porque nessa idade o jovem sabe bem o que faz." Segundo Sara Brito, uma das organizadoras do ato, já foram obtidas mais de 900 mil assinaturas em todo o País. De acordo com dados divulgados no evento, a cada 3 horas um brasileiro é morto por menor infrator e um terço das pessoas presas pela Polícia Militar no Estado de São Paulo tem menos de 18 anos. Em 2002, elas cometeram 100 mil crimes. Com as leis em vigor, o menor infrator fica internado em institutições por, no máximo três anos, e sai para as ruas com a ficha limpa, independente da gravidade dos crimes.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.