Aceno de Serra para o PT é visto só como estratégia eleitoral

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Por Julia Duailibi e Bastidores: Malu Delgado
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A declaração do pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, de que, se eleito, convidaria o PT e o PV para participarem de seu governo foi interpretada por petistas como estratégia eleitoral e, entre tucanos, como um gesto que reflete seu estilo de governar. Nenhum dos dois partidos trata a união como uma possibilidade real. O tom sarcástico das reações tanto da pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, como do presidente Luiz Inácio Lula da Silva às afirmações de Serra reforçam a improbabilidade da composição PT-PSDB. Dilma disse que é "estranha" a fala de Serra num momento em que "o governo tem 76% de aprovação". Lula provocou, lembrando que após tanto tempo de administração em São Paulo, Serra não chamou nenhum petista para seu governo.Parlamentares de esquerda que já atuaram ao lado de Serra - ou no combate à ditadura ou no Congresso - interpretaram a afirmação como uma tentativa de "cooptar" a base social do PT, ou seja, acreditam que ele tenta atrair a simpatia de intelectuais, técnicos e eleitores tradicionais do partido que atuam nos movimentos sociais. Serra, dizem, quer convencer a ampla base social hoje atrelada a Lula de que ele reconhece os avanços do governo petista e tem experiência para se credenciar como o sucessor. Aliados do tucano acham provável que ele convide quadros do PT e do PV para atuar num eventual ministério seu, a exemplo do que fez quando assumiu o Ministério da Saúde, onde se aliou a petistas históricos, e a Prefeitura de São Paulo em 2005. O ex-petista Eduardo Jorge, hoje no PV, foi convidado pelo tucano para assumir a Secretaria Municipal de Meio Ambiente."Isso é demagogia eleitoral. A história do PSDB e da direção do partido é de combate ao Lula e ao PT", reagiu o deputado federal José Genoino (PT-SP). "Não me surpreende. Não tenho dúvida de que ele chamará (nomes de outros partidos para um eventual governo)'', afirmou o presidente do PSDB, Sérgio Guerra.

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