Acesso à educação por pretos e pardos tem atraso de uma década em relação aos brancos

IBGE aponta que País tem cada vez mais cidadãos pretos e pardos, mas com um nível de instrução aquém da registrada pela população branca

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Por Daniela Amorim (Broadcast)
Atualização:
Apenas 52,6% da população negra ou parda de 20 a 22 anos conseguiu concluir ao menos o ensino médio Foto: Daniel Teixeira

RIO - O País tem cada vez mais cidadãos de cor preta ou parda, mas a desigualdade racial ainda diminui a passos lentos. Apesar dos avanços recentes no aumento da escolaridade, o nível de instrução da população preta ou parda permanece aquém da registrada pela população branca uma década atrás.

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Na passagem de 2013 para 2014, mais brasileiros se declararam de cor ou raça preta ou parda: essa fatia da população cresceu de 52,9% para 53,6%, enquanto a fatia dos que se declararam brancos encolheu de 46,3% para 45,5%, segundo a Síntese de Indicadores Sociais 2015 divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No entanto, apenas 52,6% da população negra ou parda de 20 a 22 anos conseguiu concluir ao menos o ensino médio, contra uma fatia de 71,7% da população branca. Apesar da melhora ao longo dos anos, o patamar de pretos e pardos com pelo menos o nível médio completo ainda é bastante inferior ao da população branca que possuía esse mesmo grau de escolaridade (57,9%) uma década atrás, em 2004.

O mesmo fenômeno ocorre entre os estudantes de 18 a 24 anos que frequentam o ensino superior. Entre os pretos e pardos nessa faixa etária, 45,5% estão no ensino superior, uma evolução ante a fatia de 40,7% registrada em 2013. Entretanto, o montante ainda é menor do que a proporção de brancos que possuía esse grau de instrução em 2004 (47,2%). Em 2014, 71,4% da população branca nessa faixa etária frequentava o ensino superior.

“Em dez anos, eles (pretos e pardos) ainda não alcançaram o que a população branca tinha em 2004”, confirmou Cristiane Soares, pesquisadora da Coordenação de População e Indicadores Sociais do IBGE. A desigualdade racial se repete também na distribuição de rendimentos. Na população mais pobre, os 10% que recebiam os menores rendimentos no País em 2014, 76% eram pretos ou pardos. Entre os 1% mais ricos, que recebiam os maiores rendimentos, apenas 17,4% eram pretos ou pardos.

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