Acesso fácil e verde são diferenciais do Jaguaré

Com remoção de favela, imóveis no bairro dobraram de preço

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Por Diego Zanchetta
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De um lado, o imenso bosque com pista de cooper e pés de manga, abacate, goiaba, mexerica. Do outro, a interligação entre as Marginais do Pinheiros e do Tietê e o fácil acesso às Rodovias Raposo Tavares e Castelo Branco. Nos condomínios em construção ou recém-inaugurados ao longo da Avenida Doutor Cândido Mota Filho, no Jaguaré, a combinação entre área verde e proximidade de acessos viários resultou na região que mais se valoriza em São Paulo. Quem adquiriu um imóvel quando o bairro ainda era cercado por uma imensa favela com 15 mil moradores, removida no ano passado, afirma que o preço dobrou em cinco anos. Ainda assim, o valor do metro quadrado na região, de R$ 1.640, é inferior aos R$ 3.500 médios cobrados nos vizinhos Butantã e Pinheiros, também na zona oeste. "Aqui, posso passear com a minha cadelinha sossegada, tenho acesso fácil a tudo, um bosque imenso, o Golf Club. Antes, morava na Rua Girassol, na Vila Madalena, e não agüentava mais aqueles barzinhos todos e as ladeiras do bairro", afirma a engenheira química Lourdes Nunes, de 60 anos, uma das primeiras moradoras do Condomínio Colinas de São Francisco, onde um apartamento de quatro dormitórios que custava R$ 230 mil em 2002 agora não sai por menos de R$ 420 mil. Nascida e criada em Pinheiros, a engenheira se sente realizada no bairro, cercado por verde. Os panfletos nos estandes de vendas dos prédios em construção, a maior parte de três e quatro dormitórios, também ressaltam a infra-estrutura do bairro. Nos últimos anos, franquias comuns nos Jardins e em Moema chegaram ao Jaguaré, como Franz Café, Ráscal, América e Runner. Há dois shoppings (Villa-Lobos e Continental), colégios particulares e duas áreas verdes, Cidade Universitária e Parque Villa-Lobos. "Temos famílias que moram em bairros movimentados, como Pinheiros, que desejam ficar em um lugar mais sossegado, em um imóvel maior. E também há famílias que moram em Osasco, em ascensão financeira, e querem ficar estrategicamente próximas de São Paulo e dos acessos das rodovias", disse o corretor de imóveis Luís Carlos Torres, responsável pelas vendas do Boulevard São Francisco, condomínio com apartamentos de 128 metros quadrados em construção. "Das nossas 192 unidades, 70% já estão vendidas." Além dos prédios, há condomínios horizontais prestes a serem inaugurados na Vila São Francisco, a área mais nobre do Jaguaré. Os preços de casas, de 310 m² a 820 m², variam de R$ 500 mil a R$ 1,5 milhão. "Eu queria comprar no Butantã, mas aqui percebi que também fica fácil chegar à USP (pela Avenida Escola Politécnica) de bicicleta", disse a veterinária Soraya Baialuna, de 36 anos, que em agosto deixará a Vila Sônia, na zona sul, para morar numa casa de cinco dormitórios no Jaguaré. Os tradicionais sobrados da "parte velha" do bairro também valorizaram com a remoção da favela. O horizonte dos antigos moradores, porém, agora é cortado por torres de oito andares em construção. Nos últimos dois anos, foram lançados 15 empreendimentos no Jaguaré - e há 3.049 unidades em construção hoje. Entre 2004 e 2005, foram lançadas 2.385 unidades, 60% delas no segundo semestre de 2005.

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