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''Achei que ele voltaria se usasse''

Ficou viciada para agradar ao marido

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Por Redação
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Trinta anos se passaram e, sem contar a cervejinha no fim de semana e o cigarro de todo dia, nenhum outro vício era rotina para Darlene. Já com dois filhos para criar, o marido, jogador de futebol, começou a ficar diferente, distante, mostrando sinais de que a separação apareceria. "Na minha cabeça, ele estava daquele jeito porque usava cocaína. E, burra que fui, achei que, caso usasse também, voltaria a gostar de mim." Entrou para a estatística de usuárias. Dois meses depois já era dependente. O marido, não teve jeito, foi embora mesmo. O vazio foi preenchido por cocaína e, logo depois, por outro "amor devastador". O crack. Em semanas, aquela mulher apaixonada já não existia mais. Deu lugar para outra que a própria Darlene duvida ter existido. Uma mãe que já não ouvia mais os filhos e, com dor, lembra que vendeu roupas, leite e brinquedos das crianças para comprar droga. Em uma semana, conseguiu pedir dinheiro para todos os colegas do trabalho - em uma repartição do governo municipal - com um motivo diferente. Não demorou muito, foi despedida. Foi para o fundo do poço. "Aí, comecei a fazer de tudo para conseguir droga. Só não me prostitui. Mas fui para o submundo." Traficantes viraram figuras carimbadas na porta da casa de Darlene. E com eles vieram as ameaças, por causa das dívidas. Por essa época, duas gestações chamaram a atenção. Uma delas, foi da namorada do ex-marido, que também era usuária de drogas. A criança nasceu surda e muda. "Foi um choque para mim." A outra gravidez foi a de sua filha. A menina que cresceu sem mãe agora se preparava para virar uma. E, se tudo continuasse daquele jeito, Darlene não experimentaria o gosto de ser avó. "Já havia tentado me tratar três vezes, procurei clínicas e nada tinha dado certo. Mas minha neta me deu uma vontade de ser aquela mãe que eu já fui aos 30 anos." São 45 dias completos na clínica pública. O tratamento, ela sente que está fazendo efeito. Quer completar os 42 anos de idade fora dali. Sem vícios e mimando muito a netinha.

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