Acidente de trânsito que matou 27 em SC continua sem punição

Depois de nove meses, motorista aguarda preso manifestação do TJ; dono do caminhão responde em liberdade

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Por Júlio Castro
Atualização:

Passados nove meses do acidente que deixou 27 mortos e 90 feridos, na noite do dia 9 de outubro do ano passado, na BR-282, na altura da cidade de Descanso, Oeste de Santa Catarina, o motorista de caminhão Rosinei Ferrari continua preso aguardando manifestação do Tribunal de Justiça catarinense. Em maio deste ano, o juiz de Descanso, distante 618 quilômetros de Florianópolis, Fernando Speck de Souza decidiu levar o motorista Gilmar Turatto, dono da empresa para a qual trabalhava, a júri popular. Os advogados de defesa, então, impetraram um recurso contra a decisão de pronúncia. A última manifestação do TJ catarinense aconteceu há um mês, quando o procurador geral Robson Westphal negou provimento ao recurso dos réus alegando que "foi comprovada a materialidade dos crimes". O recurso já foi remetido para a 2ª Câmara Criminal que decidirá se o caso irá ou não a júri popular. Enquanto aguarda pela decisão, Rudinei Ferrari está preso em uma cela na cadeia pública de Descanso junto com mais 14 presidiários acusados de homicídio, tráfico e estupro. Segundo o agente prisional Everaldo, Rudinei mantém com excelente comportamento e são freqüentes as visitas de familiares e seus advogados. Já o seu patrão, Gilmar Turatto, responde ao processo em liberdade. No dia 9 de outubro do ano passado, Rosinei saiu de Cascavel (PR) dirigindo seu caminhão carregado com 30 toneladas de açúcar com destino a Caxias do Sul (RS). Na altura do quilômetro 630 da BR-282 e quando estava a 500 metros de uma fila de veículos formado por causa do acidente entre um caminhão e um ônibus que já havia causado a morte de 11 pessoas, notou que o seu caminhão estava sem freio. Passava das 21h30, quando ele resolveu jogar o caminhão para o lado esquerdo onde estavam estacionadas as viaturas de resgate dos bombeiros, ambulâncias, guinchos entre outros veículos. Ele tentou jogar o caminhão para um barranco, porém a carreta tombou e foi varrendo tudo o que havia pela frente. Outras 16 pessoas morreram com a ação de seu caminhão e 90 ficaram feridas. Tanto Rudinei Ferrari, quanto o proprietário da empresa para a qual trabalhava, Gilmar Turatto, foram denunciados pelo Ministério Público por homicídio doloso eventual. Isso quer dizer que apesar de não terem a intenção de matar, assumiram o risco devido às más condições dos freios. A perícia apontou eficiência de somente 20% no sistema de freios do caminhão e do reboque.

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