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Acidente do voo 447 permanece um mistério seis meses depois

Novo relatório do BEA informa que sensores de velocidade foram um dos fatores para queda, mas não o único

Por com Reuters e AP
Atualização:

O segundo relatório do Órgão de Investigação e Análise francês (BEA, na sigla em francês), divulgado nesta quinta-feira, 17, não concluiu o que causou o acidente com o Airbus da Air France durante o voo 447, em junho deste ano. Os técnicos ainda não conseguiram descobrir o que derrubou o A330 no voo Rio-Paris em 31 de maio, no meio do oceano Atlântico. Leia a íntegra do documento

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De acordo com o documento, apesar de todas as análises detalhadas, "ainda não é possível compreender" as circunstâncias do acidente que deixou 228 pessoas mortas. Em seu mais recente relatório, a agência afirmou que os sensores de velocidade foram um dos fatores do acidente entre vários, mas não o único.  "A esta altura, apesar das extensivas análises realizadas pela BEA com base na informação disponível, ainda não é possível entender as causas e as circunstâncias do acidente", informa o segundo o relatório. A caixa-preta da aeronave não foi encontrada no fundo do mar, e apenas alguns pedaços da fuselagem foram recuperados. Mas uma série de mensagens enviadas automaticamente pouco antes da queda mostra que houve problemas com dados dos sensores de velocidade. "A BEA confirma que o fenômeno da inconsistência de mensuração da velocidade do ar foi um dos elementos em uma cadeia de eventos que levou ao acidente, embora isso sozinho não possa explicá-lo", disse o relatório.

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A BEA lembrou que o fabricante Airbus recomendou a substituição dos sensores de velocidade conhecidos como tubos de Pitot nos aviões A330 e A340, e que várias empresas, inclusive a Air France, haviam seguido o conselho. A agência fez outras duas recomendações: sobre a melhora na eficácia dos equipamentos destinados a localizar aviões e coletar dados em casos de acidente; e sobre uma melhor caracterização da composição das massas de nuvens em altitudes elevadas e sua relação com a certificação das aeronaves.

 

O BEA informou que a Airbus, construtora do A330 que caiu, identificou 32 acidentes, entre 12 de novembro de 2003 e junho deste ano, nos quais dois ou mais dos sensores de velocidade haviam acumulado gelo. Quando os pitots são bloqueados pelo gelo, eles enviam falsas medições de velocidade para os computadores do próprio avião, como no caso do voo 447. A aeronave enviou várias mensagens automáticas de erro antes de cair.

 

Caixas-pretasRobert Soulas, que perdeu a filha e o genro na tragédia, faz parte de uma associação que representa familiares de 54 das vítimas. Para ele, a investigação do BEA está atrasada nas buscas pelos destroços. Jean-Paul Troadec, que substituiu Paul-Louis Arslanian em outubro como chefe do órgão francês, já adiantou que haverá a partir de fevereiro uma nova expedição de três meses para buscar as caixas-pretas da aeronave. "Por que estamos esperando tanto?", questionou Soulas. "Quanto mais esperamos, mais provável que as caixas-pretas se deteriorem."Sem as caixas-pretas, investigadores podem nunca conseguir determinar o que ocorreu com o Airbus A330. A segunda e mais recente busca pelos materiais foi encerrada em agosto. A nova pesquisa terá o apoio da Marinha dos EUA e da National Transportation Safety Board, organização norte-americana independente que é indicada pelo Congresso para investigar acidentes na aviação civil dos EUA. Também participarão especialistas do Reino Unido, Alemanha, Rússia e Brasil, além de companhias privadas.John Clemes, que perdeu um irmão no acidente, critica o fato de os investigadores ainda não terem contratado, em novembro, especialistas para determinar qual trecho do mar será vasculhado na próxima busca. Ele também nota uma possível falta de transparência das autoridades no caso. Familiares brasileiros das vítimas também já reclamaram que não recebiam informações suficientes sobre a investigação.

 

Atualizado às 11h27 para acréscimo de informações.

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