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Acidente gerou discriminação no IML de Recife, diz Cremepe

Conselho de Medicina alertou que acidente com voo 447 só tornou mais evidente a falta de estrutura do local

Por Angela Lacerda
Atualização:

O acidente do Airbus da Air France tornou mais evidente a falta de estrutura e precariedade de funcionamento do Instituto de Medicina Legal (IML) e provocou discriminação no tratamento entre as vítimas do voo 447 e as vítimas da violência de Pernambuco. A conclusão é do Conselho Regional de Medicina (Cremepe) que divulgou nesta quarta-feira, 17, relatório de fiscalização realizada no dia 11 nas instalações do IML.

 

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O presidente da Associação Brasileira de Medicina Legal, Raílton Bezerra, frisou que "nenhum IML do mundo tem capacidade para atender a grandes catástrofes", mas criticou, assim como o presidente do Cremepe, André Longo, a adequação do IML local para o atendimento das vítimas do Airbus. De acordo com o relatório, os corpos dos passageiros, "em avançado estado de putrefação", ocupam as áreas antes destinadas para necropsias de cadáveres com poucas horas de falecimento e para exames periciais em vivos.

 

As vítimas da violência local passaram, então, a ser atendidas no espaço destinado à necropsia em putrefatos. Sem estrutura, cadáveres ficam espalhados pelo chão. Na entrevista, foi ratificado que o IML tem funcionamento precário há muitos anos e atende, de acordo com o presidente do Sindicato dos Médicos, Antonio Jordão, a 40% ou 50% da demanda - segundo ele, cerca de 500 necropsias são realizadas por mês no instituto.

 

Todos defenderam investimentos no IML, a partir do que foi considerada uma questão central: "Toda vez que ocorrer uma catástrofe, a população carente pernambucana será relegada para segunda, terceira, quarta categoria?" Não houve críticas à condução das necropsias dos corpos das vítimas do Airbus, nem ao trabalho dos peritos. "Temos perícia médico legal das melhores do mundo", afirmou o coordenador da Câmara Técnica de Medicina Legal do Cremepe, Reginaldo Inojosa.

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