ACM reconhece que é o grande derrotado na Bahia

Além de amargar o despejo do governador Paulo Souto, que era o favorito na disputa pelo Palácio de Ondina, ACM perdeu a briga pelo Senado e ainda viu a bancada federal encolher seis cadeiras

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Por Agencia Estado
Atualização:

Inimigos, adversários e até carlistas de expressão nacional são unânimes em afirmar que o grande derrotado nas eleições da Bahia, onde o petista Jaques Wagner sagrou-se governador, é o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). Além de amargar o despejo do governador Paulo Souto, que era o favorito na disputa pelo Palácio de Ondina, ACM perdeu a briga pelo Senado, com o amigo e senador Rodolfo Tourinho, e ainda viu a bancada federal encolher seis cadeiras, com a eleição de apenas 13 pefelistas, contra os 19 vitoriosos de 2002. Foram tantas as derrotas, que nem o próprio ACM contesta que é o grande perdedor. "Derrotado não fala; espera. E eu estarei esperando, amando sempre a Bahia, cada vez mais," afirmou nesta segunda-feira um ACM resignado, que até a véspera da eleição apostava que seu grupo cresceria tanto no Congresso quanto na Assembléia Legislativa, onde os adversários consideram que a maioria obtida agora nem tomará posse porque não resistirá ao assédio do novo governo até o fim do ano. De leão a hamister Jaques Wagner conversou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por telefone, depois de sua vitória e contou que, no telefonema, o presidente lembrou a referência pública que fizera ao senador, em discurso no último comício da campanha no Estado: "Eu fui à Bahia e transformei o leão no hamister, e você derrotou o hamister no dia 1º de outubro". Jaques Wagner desembarcará nesta terça-feira em Brasília para dizer pessoalmente ao presidente que a luta para reeleger Lula pode custar a degola do presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP). Menos de 24 horas depois de eleito, Wagner anunciou na tarde desta segunda-feira que vai cobrar da direção nacional do PT que "aperte" os códigos de conduta do partido e puna os culpados no episódio do dossiê Vedoin, para evitar prejuízos à campanha da reeleição. Ao diferenciar o PT baiano do setor do partido que se envolveu no escândalo da compra do dossiê contra candidatos do PSDB, o governador eleito admitiu que não há possibilidade de esconder um episódio como esse e condenou os envolvidos. "Tenho certeza de que os ventos do Nordeste irão arejar o comando nacional do meu partido que precisa passar por uma profunda revisão", afirmou. "Quem compra um dossiê de um marginal é tão errado quanto o marginal", insistiu. Opinião política Infortúnios à parte, o professor e cientista político Paulo Fábio Dantas, autor de uma tese de doutorado sobre o carlismo na Bahia, adverte que é precipitado tirar conclusões sobre a derrocada do grupo de ACM. "ACM é uma liderança em declínio, mas esta derrota não decreta o fim do carlismo. Nem é o fim do mundo nem a fundação de nada", analisou o professor, para quem o resultado eleitoral significa apenas que o carlismo vai para a oposição ao governo estadual. "Trata-se de um momento de afirmação de uma nova política, o que não tira importância da vitória de Wagner, até porque o PT não derrotou um moribundo". Ele considera que a virada do PSDB, com o eventual sucesso da candidatura presidencial de Geraldo Alckmin, pode ser a "tábua de salvação para o carlismo". Talvez por isto mesmo ACM tenha anunciado sua disposição de concentrar esforços na campanha presidencial do candidato tucano. "Vamos fazer a campanha do Alckmin. Vamos à luta", disse o senador, ao lembrar que seu grupo perdeu o poder na Bahia em 1986, com a vitória do atual ministro da Defesa, Waldyr Pires, mas voltou em 1990.

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