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Acusada de sacrificar crianças se diz bode expiatório

"Sou inocente e quero que a justiça seja feita", diz Valentina de Andrade, autora do livro Deus, a Grande Farsa e acusada de tortura e castração de crianças em rituais de magia negra em Altamira

Por Agencia Estado
Atualização:

A mulher acusada de liderar a seita Lineamento Universal Superior (LUS) e praticar sacrifícios humanos, como tortura e castração de crianças em rituais de magia negra, se diz vítima de "maus tratos e trama da imprensa" e de pessoas que a escolheram para "bode expiatório" pelos crimes em Altamira. "Sou inocente e quero que a justiça seja feita", diz Valentina de Andrade, de 72 anos. Ela também rejeita o rótulo de seita para sua entidade, afirmando que a LUS se dedica ao estudo dos astros, da ufologia e das "coisas lindas do universo". As acusações de sacrifícios de crianças em rituais macabros são rebatidas por Valentina, que alega ter isso tudo começado no Paraná, onde ela mora, durante o desaparecimento e morte de uma criança. Em entrevista em Belém, antes de viajar para Londrina (PA), prometeu processar seus acusadores. Negou também conhecer os médicos que irão sentar no banco dos réus ao lado dela, chegando a dizer que conheceu Anísio Ferreira de Souza e Césio Caldas Brandão numa das salas do Tribunal do Júri, em Belém. "Um deles, que estava chorando, olhou para mim e disse assim, sem aumentar nem diminuir: ´é a primeira vez que eu vejo esta senhora e disseram que eu estava na casa dela´". Perguntada sobre o motivo de ter escrito o livro Deus, a Grande Farsa, carro-chefe da seita LUS, Valentina revelou que nas páginas desse livro estão toda a sua "revolta contra a dor e o sofrimento que se vê no mundo". Por fim, prometeu que colocaria sua vida publicamente para ser "metralhada se tiver algo de indigno ou qualquer coisa, pequenina que seja com essa barbaridade que está acontecendo aqui e que me envolveram". Julgamento - Os advogados dos médicos e de Valentina estão tentando desmembrar o julgamento dos três acusados de tortura, castração e morte de cinco crianças de Altamira, previsto para começar na manhã desta terça-feira. Eles querem que cada um dos réus seja julgado separadamente. O juiz da 15ª Vara Penal de Belém, Ronaldo Valle, parece inclinado a aceitar o desmembramento, mas não abre mão de julgar os dois médicos numa só sessão do Tribunal do Júri. Valentina sentaria no banco dos réus em outra data. Valle deve julgar os pedidos amanhã de manhã. A promotoria acredita que a manobra dos advogados de defesa é uma clara demonstração de medo diante da iminente condenação de seus clientes, a exemplo do que aconteceu na sexta-feira com o comerciante Amailton Madeira Gomes, condenado a 57 anos, e com o ex-policial militar Carlos Alberto dos Santos Lima, que pegou 35 anos pelos mesmos crimes dos quais Anísio, Césio e Valentina são acusados.

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