Acusado de chefiar contrabando de diamantes se entrega

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Por Agencia Estado
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Apontado como um dos chefes de uma quadrilha internacional de contrabando de diamantes, o empresário de origem libanesa, Hassan Ahmad, 42 anos, se apresentou nesta sexta na superintendência da Polícia Federal, em Belo Horizonte. Hassan estava foragido há uma semana. A 4ª Vara da Justiça Federal na capital mineira havia expedido mandados de prisão temporária contra ele e outros nove suspeitos. Os mandados foram requeridos pelo Ministério Público Federal, como parte da "Operação Carbono", deflagrada no último dia 10 pela PF nos estados de Minas Gerais, Mato Grosso e Rio de Janeiro. Hassan se apresentou à tarde, acompanhado dos advogados, e negou as acusações que pesam contra ele. "Não sou terrorista, não financio terrorismo, não sou investigado pelo FBI, não sou investigado pelas Nações Unidas. Trabalho dentro da legalidade, o máximo que posso, entendeu? Porque a gente é humano é só Deus é perfeito", disse, com forte sotaque, o empresário, que nasceu em Serra Leoa e possui nacionalidade belga. O empresário disse que não se apresentou antes porque estava "passeando". Durante as investigações, iniciadas há cerca de um ano e meio, o núcleo de inteligência da PF apurou que a quadrilha tinha como base a capital mineira e passou a atuar a partir da empresa Primeira Gema, Comércio, Exportação e Importação Ltda., de propriedade de Hassan. O empresário, conforme o advogado Carlos Alberto Arges Júnior, responde pelos crimes de sonegação fiscal, evasão de divisas e formação de quadrilha. O advogado disse que não existem provas que contra seu cliente no inquérito da PF. "Ele mexe é com diamante de forma legal", afirmou. Arges admitiu, porém, que alguns dos suspeitos de integrarem a quadrilha são parceiros comerciais de Hassan. O procurador da República Patrick Salgado Martins confirmou que as vultosas quantias movimentadas levaram à suspeita de que a quadrilha que atuava em território brasileiro tinha como um de seus objetivos financiar organizações terroristas. Durante a Operação Carbono, seis pessoas foram presas em Minas e no Rio, entre elas a empresária Vivianne Albertino dos Santos - que, segundo a PF, já foi sócia de Hassam -, proprietária da Vivianne Santos Classificação de Pedras Ltda., e o então chefe do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) em Minas Gerais, Luiz Eduardo Machado de Castro. Todos já cumpriram os cinco dias da prisão temporária e responderão ao processo em liberdade. Outros três suspeitos se entregaram posteriormente e permanecem presos temporariamente. O esquema, segundo a apuração da PF e do MPF, funcionava em parte com a emissão ilegal do "Certificado Kimberley", documento que atesta a origem e a regularização para o comércio internacional de diamantes em bruto. Castro foi exonerado do cargo e o governo brasileiro decidiu suspender todas as exportações de diamantes do País, proibindo as emissões do documento. A origem dos diamantes seria garimpos ilegais, principalmente nos estados do Mato Grosso, Rondônia e Minas. As investigações também avançam sobre um esquema de falsificação de documentos para a exportação ilegal de diamantes. Um dos pedidos de permissão de lavra apresentados ao DNPM em 2003 foi feito no nome do motoboy paulista Fábio Tadeu Dias Oliveira, que havia morrido dois anos antes. Em 2004, Fábio figurou como o sexto maior produtor de diamantes no Brasil.

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