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Acusado de furto ao Banco Central diz ter escavado túnel

Jean Ricardo Galian, o "Jean Gordo", de 28 anos, confessou a participação no furto ao Banco Central de Fortaleza durante depoimento à Justiça Federal

Por Agencia Estado
Atualização:

Em depoimento à Justiça Federal, Jean Ricardo Galian, o "Jean Gordo", de 28 anos, acusado de participação no furto milionário ao Banco Central de Fortaleza, afirmou que pagou R$ 2,46 milhões para não ser preso, tendo sido vítima de três seqüestros. Dos seis interrogados, na segunda-feira, 30, pelo juiz Danilo Fontenele Sampaio, da 11ª Vara, ele foi o único a confessar ser um dos homens que trabalhou na escavação do túnel que levou a quadrilha ao cofre do BC, em agosto do ano passado. De acordo com levantamento feito pelo Estado junto a advogados que defendem parte dos acusados, policiais de São Paulo e do Ceará teriam ficado com cerca de R$ 50 milhões (quase 30%) dos R$ 164,7 milhões furtados do BC. De acordo com informações da Polícia Federal, das mais de cem denúncias de extorsão, várias informavam que integrantes da elite do bando - Antonio Jussivan Alves dos Santos, o "Alemão"; Moisés Teixeira da Silva, o "Cabelo"; e Josiel Lopes Cordeiro, o "Tiganá", - haviam sido presos e soltos depois de pagar propina. Jean Gordo disse ao juiz que foi convidado pelo traficante Luiz Fernando Ribeiro, o "Fernandinho", seqüestrado e morto em outubro do ano passado. Residente em São Paulo, afirmou que chegou a capital cearense cerca de três meses antes do cofre do banco ser arrombado. Ele ficou hospedado com outros integrantes da quadrilha em um apartamento próximo à Avenida Beira-Mar, principal corredor turístico de Fortaleza. Por ser um homem grande e forte, não conseguia entrar no túnel (que tinha 70 cm de diâmetro). O trabalho dele limitava-se a puxar o "carrinho" com o qual era feita a retirada de areia, durante a escavação. Pelo serviço, receberia R$ 4,92 milhões. Cerca de um mês depois do crime, uma picape "recheada" com R$ 3,8 milhões foi entregue a ele em São Paulo. Jean Gordo acredita que não recebeu o restante do dinheiro porque Fernandinho foi assassinado. Apesar de confessar ser um dos ladrões do BC e se intitular um colaborador das investigações, ele não falou o nome de nenhum dos comparsas. Alegou que poderia ser morto. De acordo com inquérito da PF, Jean Gordo é dono de uma "extensa ficha criminal" por assalto, tendo fugido da carceragem do Deic. Ele foi preso em Porto Alegre, em setembro deste ano, durante a operação Facção Toupeira, quando escavava um outro túnel que daria acesso ao Banco do Rio Grande do Sul (Banrisul). Nesta terça-feira, 31, o juiz Danilo Fontenelle Sampaio ouve mais três acusados: Raimundo Pereira de Sousa, Amarildo Dias da Rocha e Ricardo Laurindo da Costa, todos presos durante a operação Facção Toupeira.

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