Acusado de tentar roubar o próprio carro, cliente é espancado em mercado

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Por Mônica Cardoso
Atualização:

O segurança e técnico em eletrônica Januário Alves de Santana, de 39 anos, foi agredido por seguranças do supermercado Carrefour, em Osasco, na Grande São Paulo. Ele foi confundido com ladrões e considerado suspeito de roubar seu próprio carro, um EcoSport. O caso foi registrado no 5º DP de Osasco. Nos próximos dias, seu advogado, Dojival Vieira, vai ajuizar uma ação de indenização por danos morais contra o supermercado e o Estado. "Esse caso é emblemático e precisa ser punido com vigor para que outras situações de discriminação racial não venham a ocorrer." Santana é negro. Segundo Santana, enquanto a família fazia compras, no último dia 7, por volta das 22h, ele esperava no carro com a filha de 2 anos. O alarme de uma moto disparou e ele viu dois homens correndo. O dono da moto chegou em seguida. Santana desceu do carro e achou que os bandidos tinham voltado. Um desses homens sacou uma arma e Santana correu. No chão, chegaram a lutar até que um terceiro homem, que se identificou como segurança da loja, retirou a arma e pisou na cabeça de Santana. Segundo ele, cinco homens, que não vestiam uniformes, o levaram até um quartinho onde o espancaram. "Eles falaram que eu ia roubar o EcoSport e a moto. Quando disse que o carro era meu, batiam mais." Quando três policiais militares chegaram ao local, Santana explicou que seus documentos estavam no carro. "Eles riam e diziam: ?Sua cara não nega. Você deve ter pelo menos três passagens pela polícia?." De tanto insistir, foram até o automóvel, onde sua família o esperava. Após conferir a documentação, os policiais foram embora. "Já passei outros constrangimentos com esse carro. Acho que vou vender", diz ele. O Carrefour afirmou que acompanha a investigação policial. Em setembro, a rede pagou multa em torno de R$ 15 mil pela discriminação de funcionários a duas transexuais. No mês passado, pagou multa de R$ 45 mil porque um segurança fez piada com um homossexual.

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